Especialmente para o “comum dos mortais”, 3,9 milhões de dólares, qualquer coisa como 3,3 milhões de euros, pode ser uma soma assustadora. Mas, pelos vistos, isso não acontece com os clientes da mítica Ferrari, aos quais bastou receberem um só email do director de Marketing e Comercial da marca de Maranello, a oferecer a possibilidade de adquirirem uma unidade da edição limitada LaFerrari Aperta, para, num ápice, se esgotarem as 200 unidades previstas.

A marca italiana optou por não fazer qualquer tipo de publicidade ao modelo em questão, e aos chamados “clientes preferenciais” contactados nem sequer terá sido dada a possibilidade de ver ou experimentar antecipadamente o superdesportivo. Facto que, contudo, não os impediu de agarrar de imediato a oportunidade, começando desde logo a “juntar os supostos” 3,3 milhões de euros que a Ferrari estará a pedir por esta edição limitada.

“A verdade é que os nossos modelos têm uma procura muito acima da oferta”, afirma, em declarações à revista Driver, o director de Marketing e Comercial, Enrico Galliera, “pelo que o que fazemos é estipular alguns critérios através dos quais procuramos recompensar os bons clientes”, explica. “As edições limitadas dos nossos automóveis são uma espécie de presente que damos aos nossos melhores clientes.”

Aliás, Galliera diz mesmo que a parte mais difícil do seu trabalho é ter de dizer a alguns dos mais ricos e entusiastas apaixonados por automóveis que não podem ter um Ferrari. Mesmo se, “especialmente no início, recebamos candidaturas à compra de um Ferrari provenientes de pessoas que não merecem um carro da marca; apenas têm, simplesmente, o dinheiro necessário para o comprar”.

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O mesmo responsável salienta que, até mesmo a venda dos modelos mais “normais”, começa a ser uma tarefa cada mais difícil à medida que a Ferrari começa a entrar em mercados onde até há bem pouco tempo não estava. Sendo que um relatório de 2016 garantia, por exemplo, que qualquer cliente aceite para a compra de um 488 GTB, um California T ou um GTC4 Lusso T, teria de esperar, pelo menos, até 2018, pela entrega do carro.

Confrontado com esta situação, Galliera subscreve a posição já publicamente assumida pelo seu CEO, Sergio Marchionne, recordando que “tanto os clientes, como os concessionários, já se queixam há algum tempo das longas listas de espera” a que são sujeitos. “Nós, simplesmente, não podemos dizer a um cliente que vai ter de esperar três anos pelo carro que encomendou!”. Assim, “temos de encontrar uma solução, sendo que o problema está, neste momento, a ser discutido”.

Uma das saídas possíveis para o problema, e que foi já defendida pelo próprio Marchionne, passa por um aumento da produção anual, a qual, em 2016, atingiu já números nunca antes alcançados, de 8.014 veículos. No entanto, um aumento do mesmo género, poderá não ser suficiente, caso a Ferrari avance mesmo para a produção de um SUV. Aí, a pressão do mercado poderá atingir níveis incomportáveis para a marca do Cavallino Rampante.