Equipa inglesa, Algarve e jogo particular de pré-temporada é uma espécie de mistura explosiva para os adeptos britânicos, que não perdem a oportunidade para se deslocarem a Portugal e aproveitarem uma espécie de mini férias. O que fazem durante o dia, não é complicado de adivinhar (e o tom de pele com que chegam ao estádio também denunciam); o que levam para o jogo, isso pode ser mais difícil de acertar. Mas há sempre uns coelhos que saltam da cartola, desde bolas a insufláveis. Um bocado de tudo, sempre a gozar o descanso e, de quando em vez, a afinar as gargantas para a época oficial que está aí à porta.

Este cenário repetiu-se hoje com alguns adeptos do Hull City, antiga equipa do português Marco Silva que desceu ao equivalente à Segunda Liga inglesa na última temporada. Mas foram eles que fizeram a festa no final, com uma vitória por 1-0 frente a um Benfica versão B que quis dar minutos de competição às segundas linhas e só conseguiu chegar com verdadeiro perigo à baliza contrária quando colocou em campo os habituais titulares. E fizeram a festa porque andaram a viver à sombra das borlas: os encarnados tiveram dois erros individuais que possibilitaram dois remates ao conjunto britânico, uma na trave e outro para dentro da baliza.

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Ficha de jogo

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Benfica-Hull City, 0-1

Jogo particular

Estádio do Algarve, em Faro/Loulé

Benfica: Júlio César (Bruno Varela, 46′); Aurélio Buta, Lisandro López (Rúben Dias, 60′), Luisão (Jardel, 60′), Eliseu; Samaris (Filipe Augusto, 46′), André Horta (Chrien, 60′); Carrillo (Zivkovic, 64′), João Carvalho (Jonas, 64′), Diogo Gonçalves (Willock, 46′) e Mitroglou (Seferovic, 64′)

Treinador: Rui Vitória

Golo: Jarrod Bowen (59′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Filipe Augusto (90+2′)

Mas foi um jogo fraco. Para se ter ideia, houve apenas três situações de registo na primeira parte: aos 18′, André Horta fez o primeiro remate do encontro, para defesa fácil de McGregor; aos 31′, Abel Hernández (internacional uruguaio de 26 anos que tem futebol a mais para este Hull City) aproveitou um erro do mesmo André Horta para galgar uns metros e enviar um autêntico míssil à trave da baliza de Júlio César; aos 39′, num bom movimento de rotação, Mitroglou atirou forte para defesa a dois tempos do guardião contrário. E nada mais.

No segundo tempo, o nível mediano da partida manteve-se, mesmo com o Benfica a dominar os acontecimentos, mas foi o Hull City a chegar à vantagem: aos 59′, Lisandro López quis sair com bola junto à área, perdeu o seu controlo e Jarrod Bowen, um jovem extremo de 20 anos, fez um dos melhores golos da carreira com um remate em arco sem hipóteses para Bruno Varela. Vitória não gostou, mexeu na equipa, lançou os soldados do pelotão A (Jonas, Sefirovic, Zivkovic e até Chrien, que voltou a entrar muito bem no jogo) e acabou com a monotonia.

Os últimos 25 minutos foram de sentido único, ainda mais a partir dos 77′ quando Michael Dawson rasteirou Seferovic quando o suíço ia isolado para a baliza e foi expulso. Jonas foi o primeiro a deixar o aviso a McGregor (66′), Seferovic falhou por pouco o desvio para o empate (72′), Filipe Augusto atirou muito próximo do poste após livre direto (78′), Eliseu tentou a meia-distância (82′), de novo Seferovic atirou ao poste de primeira após cruzamento de Willock (85′). O guarda-redes do Hull City foi brilhando e os encarnados perderam mesmo o segundo jogo no Algarve, depois do triunfo por 2-1 frente ao Betis na passada quinta-feira.

No final do encontro, Rui Vitória recusou particularizar as exibições dos mais novos (e alguns apresentaram credenciais, como o lateral direito Aurélio Buta), destacou o domínio absoluto do Benfica do início ao fim (40-15 em ataques, 15-2 em remates, 10-1 em cantos, 64%-36% na posse de bola) e admitiu que vão entrar mais reforços. Esse sim parece ser o “jogo” mais importante para o treinador nesta fase da época, a duas semanas do arranque oficial com a Supertaça frente ao V. Guimarães, em Aveiro.