Quando estamos a ver um jogo entre o segundo e o quarto classificados da última temporada numa pré-época e já ouvimos ‘olés’ ainda antes do intervalo, algo se está a passar. Das duas uma, um pouco como a teoria do copo meio cheio e meio vazio: ou o FC Porto já está no ponto para começar a Primeira Liga ou o V. Guimarães ainda tem muito que pedalar até à Supertaça, a 5 de agosto com o Benfica. Mas desfazer já este tabu: os minhotos ainda procuram as melhores rotinas, sobretudo a nível defensivo, mas são os dragões que se apresentam já num momento muito interessante, tendo em conta que estamos ainda em julho.

Ficha de jogo

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V. Guimarães-FC Porto, 0-2

Jogo particular (Troféu Cidade de Guimarães)

Estádio Dom Afonso Henriques, em Guimarães

V. Guimarães: Douglas; Sacko (João Aurélio, 46′), Moreno, Josué, Vigário (Francisco Ramos, 74′); Zungu (Celis, 46′), Rafael Miranda (Kiko, 46′); Sturgeon (Hélder Ferreira, 46′), Tozé (Hurtado, 46′), Raphinha (Estupiñan, 62′) e Texeira (Rafael Martins, 74′)

Treinador: Pedro Martins

FC Porto: Casillas (José Sá, 46′); Ricardo Pereira (Hernâni, 79′), Felipe (Martins Indi, 79′), Marcano, Alex Telles (Layún, 68′); Danilo (André André, 46′); Corona (Maxi Pereira, 46′), Óliver (Mikel, 79′), Otávio (Brahimi, 68′); Soares (Marega, 68′) e Aboubakar (Herrera, 55′)

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Aboubakar (21′) e Soares (26′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Marcano (67′), João Vigário (67′), Celis (90+2′) e Mikel (90+3′); cartão vermelho a André André (52′)

Sérgio Conceição repetiu o 4x4x2 utilizado com o Chivas, no último encontro de preparação realizado no México, e voltou a ter 45 minutos verdadeiramente diabólicos. Logo aos quatro minutos, na sequência de um roubo de bola de Óliver em terrenos adiantados, Otávio tabelou com Aboubakar e quase fez o primeiro jogo; três minutos depois, após um cruzamento da esquerda de Soares, o brasileiro surgiu ao segundo poste mas atirou ao lado; aos 16′, o mesmo Soares desviou para a trave um cruzamento tenso de Alex Telles.

Casillas era um mero espetador. E os centrais Felipe e Marcano pouco ou nenhum trabalho tinham, a não ser a rápida colocação da bola em zonas de primeira fase de construção. Era no meio-campo dos vimaranenses que tudo se passava, com a mobilidade ofensiva dos azuis e brancos a desposicionar por completo a defesa contrária, que nunca conseguiu perceber as referências em campo de Corona, Otávio, Aboubakar e Soares.

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Não era fácil de perceber, é um facto. Mas com o tempo foi-se detetando: os alas ocupam muitas vezes terrenos interiores, fazendo quase um trio a meio-campo e deixando os corredores para os laterais Ricardo e Alex Telles, ao passo que os avançados variam entre o jogo entre linhas um pouco mais recuado e o posicionamento em zonas de finalização. Até se pode perceber, mas como a dinâmica e intensidade são tão elevados, torna-se complicado arranjar antídoto para esta fórmula Sérgio Conceição, que tem a baliza como alvo constante.

Os golos apareceram a meio do primeiro tempo: primeiro Aboubakar, aos 21′, aproveitando um erro clamoroso de Rafael Miranda que deixou o camaronês isolado para galgar terreno e enganar Douglas; depois Soares, aos 26′, no seguimento de um passe longo de Marcano para as costas da defesa do V. Guimarães que isolou o avançado brasileiro transferido em janeiro do Minho para o Dragão. Dois golos com anatomias completamente díspares mas que mostram também a polivalência de recursos do FC Porto.

Os azuis e brancos jogaram, e muito, e não deixaram jogar. Óliver é um verdadeiro pêndulo nas ações defensivas (nas fases e locais de pressão), Danilo consegue segurar sozinho um meio-campo inteiro. E a dois minutos do intervalo, após uma longa troca de passes sempre em posse mas em zonas não muito adiantadas, ouviram-se ‘olés’ da bancada onde estavam os (muitos) adeptos do FC Porto. Confiança parece não faltar.

O segundo tempo acabou por ficar marcado pela expulsão prematura de André André, por entrada dura sobre Hurtado. O médio esteve sete minutos em campo, teve uma entrada imprudente e saiu de campo, deixando o FC Porto reduzido a dez unidades num 4x4x1 com Soares sozinho na frente e Herrera a reforçar o meio-campo. Como seria de esperar, o ímpeto ofensivo dos dragões caiu a pique. E a sucessão de alterações nas duas equipas também não ajudaram nada a manter elevado o ritmo deste encontro. Houve dois lances de registo: uma bola salva em cima da linha por Felipe, a remate de Texeira (61′), e uma jogada de combinação entre Óliver e Ricardo que terminou com o remate do português ao lado (77′).

Depois dos empates com Cruz Azul (derrota nas grandes penalidades) e Chivas, o FC Porto voltou a jogar bem mas desta vez ganhou. E o maior elogio que se pode fazer é mesmo deixar uma pergunta: de certeza que estes são os mesmos jogadores do ano passado (com os regressados Ricardo e Aboubakar)? Ninguém diria que sim…

Cerca de 30 elementos da PSP recusam entrar no jogo entre Guimarães e FC Porto

P.S. Este foi um fim-de-semana em que Sporting, Benfica e FC Porto jogaram. Este foi um fim-de-semana em que não houve polémicas à volta da arbitragem, chorrilhos de casos antigos para justificar resultados, desculpas assentes em fatores externos. Mas nem por isso deixou de haver problemas: cerca de 30 elementos do Corpo de Intervenção da PSP do Porto recusaram-se a entrar no Estádio Dom Afonso Henriques (tal só aconteceria se existissem mesmo problemas que justificassem), no seguimento do protesto anunciado pela Associação Sindical dos Profissionais de Polícia por causa do não pagamento de gratificados a estes profissionais. Mais um caso para resolver.