Pelo menos uma pessoa morreu este domingo num incidente na embaixada de Israel em Amã, capital da Jordânia, numa altura em que os protestos pela decisão de Israel de colocar detetores de metais à entrada da Esplanada das Mesquitas em Jerusalém. A Liga Árabe já avisou Israel que está a brincar com o fogo.

As sequelas dos dias tumultuosos que se vivem em Israel estão a espalhar-se para fora de portas. Na sexta-feira houve vários milhares de jordanos protestaram à porta da embaixada de Israel em Amã, em várias cidades da Jordânia e em campos de refugiados no reino, que acolhem milhões de palestinianos, apelando à Guerra Santa contra Israel. Este domingo, num incidente noticiado pela agência Reuters, e sobre o qual as autoridades ainda não avançaram com mais detalhes, um homem foi morto à porta da embaixada de Israel.

Uma parte da população do reino é de origem palestiniana e fugiram de Israel na sequência da guerra que acompanhou a criação do Estado de Israel em 1948. Muitos vivem em campos de refugiados, uma das várias questões espinhosas no centro da divisão entre israelitas e palestinianos.

Israel decidiu colocar detetores de metais na entrada para a Esplanada das Mesquitas que fica no centro da Cidade Antiga em Jerusalém e que alberga a mesquita de al-Aqsa, o terceiro local sagrado do Islão, e a mesquita de Omar, cuja cúpula dourada (a Cúpula da Rocha) é descrita no Corão como o local de onde Maomé partiu para subir aos céus. Esta decisão surgiu em resposta à morte de dois polícias israelitas num tiroteio, em que um outro ficou ferido, levado a cabo por três palestinianos, que foram mortos pelas autoridades.

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Confrontos nas imediações de uma das entradas para o recinto da Mesquita de al-Aqsa, onde os crentes muçulmanos decidiram orar em protesto contra o encerramento da Esplanada das Mesquitas e a instalação de detetores de metais no acesso ao local onde está o terceiro local sagrado para o Islão.

Na sequência do ataque, Israel fechou a Esplanada das Mesquitas ao público e cancelou, pela primeira vez em vários anos, a oração de sexta-feira, dia em que os muçulmanos se juntam para orar.

Desde então, a tensão tem aumentado e os confrontos sucedem-se. Na última semana já morreram pelo menos oito pessoas. Hoje, foram detidos pelo menos 29 palestinianos em várias operações das forças de segurança, que se sucedem na Cisjordânia, território sob jurisdição da Autoridade Nacional Palestiniana.

A decisão do governo israelita tem sido contestada no mundo árabe e o próprio secretário-geral da Liga Árabe, organização que conta com 22 países árabes, do Norte de África e do Corno de África, avisou Israel que está a colocar em causa toda a região.

Ahmed Aboul Gheit disse mesmo que Jerusalém é a linha vermelha que os árabes e os muçulmanos não permitirão que seja ultrapassada e que Israel está a brincar com o fogo.

O presidente da Turquia também já se juntou ao coro de críticas e, este sábado, condenou o que considera ser o uso de força excessiva contra os crentes muçulmanos e qualificou com inaceitável o encerramento da Esplanada das Mesquitas.

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, já tinha anunciado que iria cortar relações com Israel e, na manhã deste domingo, cancelou uma reunião de segurança que tinha agendada com Israel.

Já as intenções do governo israelita sobre o futuro das medidas de segurança na Esplanada das Mesquitas ainda estão por esclarecer. Algumas informações do governo apontam que os detetores de metais são para continuar, outras que haverá uma vedação para limitar os movimentos dos muçulmanos que se deslocam ao local para orar. Se os dois estarão em funcionamento ao mesmo tempo, não é claro, mas pelos os detetores de metais deverão continuar, segundo o primeiro-ministro israelita.

Jerusalém, uma capital reclamada por israelitas e palestinianos, não é considerada pela comunidade internacional como sendo parte do território israelita. O centro da divisão é, precisamente, a Esplanada das Mesquitas. Israel aceitou ficar fora da Esplanada das Mesquitas, onde, segundo a Bíblia, estavam os primeiros tempos judeus, e a segurança do local é assegurada pelas forças armadas para evitar conflitos entre israelitas e palestinianos.

Os israelitas aceitaram congregar apenas no Muro das Lamentações, um dos muros do lado de fora da Esplanada das Mesquitas.