O Governo dos Açores assinou esta segunda-feira um protocolo com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Madalena para o socorro de turistas que escalam a montanha do Pico, o ponto mais alto de Portugal, com 2.351 metros.

Na cerimónia, o presidente do executivo açoriano, Vasco Cordeiro, explicou que o acordo visa “enquadrar a estreita cooperação, quer no âmbito das ações de busca e socorro, incluindo o resgate de visitantes na reserva natural da montanha do Pico, e, também, o funcionamento e monitorização durante todo o ano do sistema videovigilância e rastreio de visitantes na montanha”.

Antes, Vasco Cordeiro afirmou existirem “fundamentalmente três razões” para a celebração do protocolo, uma das quais se prende com o facto de entre 2012 e 2016 o número de subidas à montanha do Pico ter “praticamente duplicado”, tendo ultrapassado as 12 mil o ano passado.

A segunda razão tem a ver com o facto daquilo que também por via deste protocolo se garante, […] que é um dos elementos por excelência característico do nosso turismo e que é a segurança”, adiantou o governante, realçando ainda a parceria com a corporação, embora não inédita.

O chefe do executivo açoriano destacou, por outro lado, a importância da montanha do Pico, uma das “Maravilhas Naturais de Portugal”, do ponto de vista da biodiversidade e da geodiversidade. “Encontra-se integrada na reserva natural do Parque Natural do Pico, classificada como zona especial de conservação da Rede Natura 2000 e como geossítio do Geoparque Açores”, acrescentou, reconhecendo que “todos esses qualificativos fazem da montanha do Pico um polo de atração”.

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Segundo Vasco Cordeiro, pretende-se, por isso, “garantir que este produto turismo” seja “usufruído com o máximo de segurança”. O comandante dos Bombeiros Voluntários da Madalena, Ricardo Dias, referiu aos jornalistas que foram efetuados este ano quatro resgastes na montanha, sendo que em 2016 esse número foi de 12. A maioria prende-se com “entorses ou fraturas dos pés”, esclareceu Ricardo Dias.

O responsável disse ainda que “continua a haver imensas pessoas que pensam que é muito fácil” escalar a montanha e não levam roupa nem calçado adequado, “e não vão devidamente preparadas”. “Teria de haver alguma alteração nas formas de subir, mas hoje em dia não se pode limitar ninguém a subir e, por isso, as pessoas sobem, às vezes, quase com chinelos”, declarou, para depois defender formas “de conseguir limitar” o acesso de pessoas que não vão devidamente preparadas em termos de equipamento para a escalada.

O comandante esclareceu que a corporação “tem oito a dez” elementos na equipa de resgate, mas não possui em permanência uma equipa de prevenção, considerando fundamental o protocolo, dado existirem despesas, porque “não é um resgate normal” e é necessário pagar aos elementos. “Além disso, fazemos o registo das subidas quando a Casa da Montanha está fechada, fazemos a monitorização das câmaras 24 horas”, acrescentou.

O acordo assinado esta segunda-feira, de 35 mil euros para este ano, é uma das iniciativas integradas na visita estatutária que o Governo dos Açores iniciou esta segunda-feira ao Pico, a segunda maior ilha do arquipélago em área, depois de São Miguel.

A deslocação, que termina na quarta-feira, cumpre o Estatuto Político-Administrativo da região, segundo o qual o executivo regional deve visitar cada uma das nove ilhas pelo menos uma vez por ano e o Conselho do Governo deve reunir-se na ilha visitada.