A t-shirt branca, as calças de ganga, o vestido preto, o fato e a gravata — em 111 peças, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque percorre um século de moda. A exposição Items: Is Fashion Modern inaugura a 1 de outubro e desvia o olhar das grandes passerelles para falar da moda como área crucial do design que chega a toda a gente, em qualquer parte do mundo. Como tal, além de estilo, cultura e tecnologia, a moda é tida também nas suas dimensões política e económica.

No sexto piso do MoMA haverá peças-conceito mais exploradas do que outras. Quem visitar a exposição não espere encontrar um único little black dress. Seja um vestido preto ou uma t-shirt branca, a mesma peça desdobra-se em diferentes silhuetas e autorias, o que faz com que Items: Is Fashion Modern? reúna um total de 350 objetos expostos. Paola Antonelli e Michelle Millar Fisher, as curadoras, deixaram a organização cronológica de lado e criaram núcleos em função dos conceitos com que a moda se vai relacionando.

A exposição arranca com a ideia de corpo em transformação. Questões de tamanho, imagem e género abrem caminho para a segunda de sete partes, dedicada às novas tecnologias. Oportunidade de recordar a experimentação feita por Issey Miyake com A-POC (imagem na abertura do artigo), mas também o futurismo da Cosmos Collection de Pierre Cardin, nos anos 60.

Além de uma poderosa forma de expressão, criativa e pessoal, que pode ser estudada de diferentes ângulos, a moda é, inquestionavelmente, uma forma de design, com o seu discurso assente no equilíbrio entre forma e função, significado e objetivo, tecnologia automatizada e manufatura, massificação e personalização, universalidade e expressão individual”, afirma Paola Antonelli, curadora principal da exposição, em comunicado.

A saia lápis segundo a fotógrafa Bobby Doherty. ©2017 Bobby Doherty

Emancipação, modéstia, introversão e rebeldia. Quem diria que conceitos tão opostos partilhavam tantas peças do mesmo guarda-roupa? Entre elas estão calças de cabedal, camisolas de gola alta, biquínis e slip desses. Outro dos núcleos dedica-se às peças pensadas para passar uma mensagem. Das t-shirts com inscrições aos diamantes dos anéis de noivado, todas variam quanto ao nível de subtileza.

As influências do desporto, núcleo que não passou ao lado do polo nem dos All Star, as fardas e tudo o que trouxeram para dentro do armário e que nunca mais saiu (isto inclui as calças de ganga) e a relação entre moda e poder completam uma exposição que também vive de novos trabalhos. No total, 19 designers, artistas, cientistas, engenheiros e artesãos foram convidados a fazer a sua leitura de alguns dos ex-libris da moda dos últimos 100 anos. Os resultados são expostos lado a lado com as peças comissionadas.

O título não é inocente, mas sim uma referência àquela que foi a primeira exposição de moda do MoMA, em 1944. Em Are Clothes Modern?, o arquiteto e curador Bernard Rudofsky explorou as relações individual e coletiva com o vestuário da época, na reta final da II Guerra Mundial. Mais de 70 anos depois, o museu volta ao tema. A nova exposição inaugura a 1 de outubro e pode ser visitada até dia 28 de janeiro.

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