O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garantiu estar “pronto e preparado” para negociar com a oposição “um acordo de paz e convivência nacional, para um ciclo de diálogo e conversações em função dos interesses da Venezuela”. Como condição, quer que a Mesa da União Democrática (MUD), que agrega os partidos da oposição ao regime venezuelano, mude de posição.

“Retifiquem final e definitivamente, porque depressa se faz tarde, eu sei o que digo”, disse, no programa semanal de televisão Domingos Con Maduro. “Retifiquem a tempo e chegamos a um acordo de paz e convivência”, disse. Esta semana, a MUD convocou um greve geral de 48 horas para quarta e quinta-feira.

Existe, porém, um assunto onde Maduro não demonstrou qualquer intenção de negociar: o novo Tribunal Supremo, designado de forma paralela pelos deputados da oposição. A decisão foi anunciada esta sexta-feira pelo Parlamento, que é dominado pela oposição desde as eleições de dezembro de 2015 e cuja autoridade foi retirada pelo Tribunal Supremo oficial, controlado pelo Governo de Maduro. Ao todo, foram nomeados 33 magistrados — 13 principais e 20 suplentes.

“Esta gente que nomearam são uns usurpadores que anda por aí”, disse Nicolás Maduro. “Vão ser todos presos, um a um, um a seguir ao outro. Vão ser todos presos e os seus bens, contas, tudo vai ser congelado, e ninguém os vai defender.”

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Primeiro magistrado do Tribunal Supremo da oposição já foi detido

Entretanto, estas detenções já começaram. O primeiro, e para já único, magistrado a ser detido foi Ángel Zerpa. Segundo o jornal venezuelano El Nacional, Zerpa foi sequestrado por membros do Sebin, os serviços de informação venezuelanos este sábado à tarde. O mesmo jornal refere que não foi apresentado nenhum mandado de captura aquando da detenção. Doze horas depois, já neste domingo, a sua família soube que fora levado para a sede do Sebin, um antigo centro comercial conhecido como Helicoide.

Ao El Nacional, uma irmã de Zerpa diz que foi informada de que o magistrado está “isolado”. A filha do detido, que garante que o seu pai é hipertenso, refere que não lhe foi permitido entregar aos serviços do Sebin os medicamentos que ele toma.

Quem são os “colectivos” que defendem o regime de Maduro com armas?