Milhares de habitantes de Caracas, capital venezuelana, correram aos supermercados para se abastecerem de água, alimentos e velas, antes da nova greve geral, agora de 48 horas, a que a oposição a Maduro chamou “Tomar Caracas”. A nova greve, marcada para esta quarta e quinta-feira, tem como objetivo exercer pressão social e política nas eleições para a Constituinte, que se realizam no próximo dia 30 de julho, e com as quais Maduro quer reforçar os poderes do seu governo.

A própria embaixada dos Estados Unidos aconselhou que os seus cidadãos se abastecessem de água e comida durante as próximas 72 horas. E aconselham a que tal seja feito rapidamente, já que as lojas esvaziam-se a um ritmo acelerado, algumas já só têm snacks e refrigerantes. No supermercado Licarch, em Santa Mónica, por exemplo, a carne desapareceu em apenas três horas. Aliás, já antes havia pouca variedade de alimentos para comprar nos supermercados e o que há está sob o efeito da maior inflação do mundo, com preços proibitivos para muitos.

A Venezuela vai entrar, a partir desta semana, numa economia típica da guerra ,com alto impacto sob os sectores mais pobres do país”, disse Rocío San Miguel, diretora da ONG Controlo do Cidadão, citada pelo El Mundo.

A semana de todas as decisões

“Esta é uma semana decisiva. Tem de ficar claro que Maduro e as Forças Armadas não permitirão que se imponha uma fraude constituinte contra o povo”, declarou Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento, citado pelo El Mundo.

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O deputado declarou que a grande marcha prevista para a próxima sexta-feira tem como destino o Palácio presidencial de Miraflores.

Estamos em horas cruciais para que triunfe o bom senso”, acrescentou o governador Henrique Capriles.

Mais de 350 sindicatos juntaram-se, incluindo os mais importantes da Venezuela, como a Confederação Geral do Trabalhadores (CGT), juntaram-se à oposição. “A intenção é o fim deste Governo e convocar eleições”, relatou Norma Torres, da Frente de Trabalho.

No dia 1 de maio, Maduro anunciou a eleição de uma Assembleia Constituinte para alterar a Constituição, o que intensificou os protestos. Para a oposição, estas alterações vão acabar com a democracia no país e impor um regime comunista ao estilo de Cuba.