A Confederação Nacional de Agricultura pediu esta terça-feira ao Governo que “fixe os preços à produção” para garantir o escoamento da batata nacional, e que “compre umas toneladas de batatas” para ajudar populações afetadas pelos incêndios.

Comprar batata nacional a preços justos teria a vantagem de ajudar os produtores, que estão a enfrentar uma crise séria, e de mostrar solidariedade com as vítimas dos incêndios“, disse à Lusa João Silva e Sousa, da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), durante um encontro de produtores de batata em Vilarinho do Bairro, Anadia.

Na linha do que tem acontecido a nível nacional, os produtores de batatas da Bairrada queixam-se de “grandes dificuldades no escoamento do produto”, denunciando situações em que o custo de produção é três vezes superior ao preço de venda aos intermediários, quase sempre grandes redes de distribuição.

“Só a fixação do preço à produção permite ter preços com que se possa trabalhar”, defende o membro da CNA, adiantando que atualmente “não há escoamento e o preço é miserável“.

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Segundo dados avançados esta terça-feira pela CNA, na situação atual um produtor investe em média mais de seis mil euros para produzir 85 toneladas de batata. O valor de mercado dessas 85 toneladas é pouco superior a quatro mil euros, o que representa um prejuízo de quase dois mil euros para os produtores.

Quem lucra com a situação são os intermediários, que vendem depois os produtos nos supermercados ao consumidor final com grande lucro”, denuncia a CNA.

A situação dos produtores de batata merece a “solidariedade e compreensão” da presidente da Câmara de Anadia, Teresa Cardoso.

A autarca independente, que esteve em Vilarinho do Bairro e visitou uma exploração agrícola, lamenta “as condições adversas” enfrentadas pelos produtores, defendendo a fixação pelo Governo do preço à produção, por forma a evitar especulações.

Segundo dados avançados pela CNA, na zona da Bairrada existem mais de 300 hectares de explorações agrícolas que têm a batata como produto principal.