Não se considera racista, não se arrepende das suas declarações, e acha que está a contribuir para o desenvolvimento da democracia e a combater o crescimento da extrema-direita. André Ventura, o polémico candidato do PSD à Câmara de Loures, disse esta terça-feira que é ameaçado de morte todos os dias, e acusa o CDS-PP de calculismo político: “vai ser prejudicado com esta situação”, diz.

Com cada vez maior projeção depois de ter feito declarações sobre a comunidade cigana que foram consideradas racistas e xenófobas, e que valeram a saída do CDS-PP da coligação à Câmara de Loures, André Ventura foi entrevistado pela SIC esta terça-feira.

A conversa, como já é habitual, foi dominada pelas declarações do candidato social-democrata, tanto sobre a comunidade cigana como sobre a comunidade muçulmana na Europa, das quais não está arrependido e que lhe têm valido ameaças: “sou ameaçado de morte todos os dias”.

“Não, não estou arrependido das declarações. Quando estamos na vida pública temos que ter a capacidade e, sobretudo o discernimento de não pensar tanto em nós, mas de pensar nas mensagens que queremos transmitir. Se eu fizesse o contrário, estaria a colocar a minha segurança pessoal, a minha vida social, à frente daquilo que eu acho que importante para o concelho de Loures”, disse.

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Foi precisamente essa a mensagem que o candidato tentou passar. Não só não é racista, defende-se, como está a combater a extrema-direita ao falar dos temas. O que se recusa a ser é o candidato do sistema, ou um “boneco”.

No fim, o candidato do PSD acha que prestou um bom serviço à democracia: “contribui para sermos uma Democracia mais sólida e mais madura nestas matérias”.

Para explicar o que alegadamente seria a sua intenção quando falou sobre a comunidade cigana, André Ventura comparou as declarações com dizer “que às 6 da tarde as pessoas estão a voltar para casa”.

“Quando nós dizemos aqui que há um excesso de subsidiação dizer que isto é racismo ou xenofobia, é o mesmo que dizer que se eu disse que às 6 da tarde as pessoas estão a voltar para isto é errado. Em geral, estão a voltar”, disse.

CDS-PP vai sofrer

O CDS-PP deixou cair a coligação e avançou com um candidato próprio, depois de membros do partido de Assunção Cristas terem defendido que era melhor que André Ventura perdesse e que o CDS-PP não deveria voltar a associar-se a um candidato deste género.

André Ventura não deixou passar e acusou o CDS-PP de “cálculo politico” e antecipa que o partido “em Loures vai ser prejudicado com esta situação”.