No dia em que Donald Trump anunciou a exclusão de pessoas transgénero do Exército, a conferência de imprensa da Casa Branca trouxe uma inovação algo insólita: de vez em quando será lida uma carta endereçada à Casa Branca por parte de “um dos homens, mulheres e crianças esquecidas que [Trump] está aqui para servir e por quem o Presidente está a lutar”.

Nesta primeira leitura comentada, a nova porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, brindou a audiência de jornalistas com uma carta escrita por uma criança de nove anos, Dylan Harbin — mais conhecido por “Pickle” — que quer ser amigo do Presidente Trump.

Na estreia como porta-voz da Casa Branca, e perante uma plateia de jornalistas entre a indiferença e a incredulidade, Sarah Huckabee Sanders abriu os trabalhos com a leitura da carta que terá sido escrita por uma criança (ainda que não tenham tardado as dúvidas sobre a autenticidade da missiva, já lá vamos).

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Eu tenho nove anos de idade e o senhor [Trump] é o meu presidente favorito. Gosto tanto de si que tive uma festa de aniversário que o teve como motivo. O meu bolo tinha o mesmo formato do seu boné“, escreveu a criança.

A partir daí, a porta-voz da Casa Branca passou a ler (e a responder) às várias perguntas que a carta trazia.

Quantos anos tem?” — Huckabee Sanders responde: “Dylan, o Presidente tem 71 anos”.

Que tamanho tem a Casa Branca?” — a porta-voz enuncia em detalhe as dimensões da Casa Branca e indica que são precisos 1.150 litros de tinta branca cada vez que se pinta o exterior do edifício.

Quanto dinheiro é que tem?” — Sarah Huckabee Sanders diz que não sabe (possivelmente também não viu as declarações de impostos de Trump, como todos os outros norte-americanos, porque o republicano se recusou a divulgá-las antes das eleições), “mas é muito”.

Eu não sei porque é que as pessoas não gostam de si” — pois, “eu também não sei”, diz a porta-voz.

Você parece ser muito fixe. Podemos ser amigos?” — Sarah Huckabee Sanders diz que falou “diretamente” com o presidente Trump sobre isto e que ele disse que ficaria “muito feliz” se pudessem ser amigos.

Sarah Huckabee Sanders agradece a carta e pede a Dylan ou, melhor, “Pickle”, para aparecer na Casa Branca caso vá até Washington, DC, porque terá direito a uma visita guiada pela residência oficial do presidente dos Estados Unidos da América.

Não demorou a surgir quem questionasse a autenticidade da carta, cujo papel nem parece ter sido dobrado para caber num envelope. A porta-voz da Casa Branca colocou no Twitter a carta, mas muitos acharam que se trata de um golpe de propaganda.