O encarregado de negócios da embaixada portuguesa em Angola, Luís da Silva, defendeu esta quinta-feira que Portugal e as suas empresas podem e devem ser importantes parceiros do processo de diversificação da economia angolana e do reforço da capacidade produtiva.

O diplomata discursava, esta quinta-feira, na abertura do primeiro evento dos Encontros Portugal/Angola, com o tema “Angola Produtora e Exportadora“, que se realiza à margem da Feira Internacional de Luanda (FILDA), que decorre até domingo, com a maior participação estrangeira a pertencer a empresas portuguesas.

No evento, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA), Luís da Silva lembrou que são já várias as empresas portuguesas, luso-angolanas, angolanas participadas de capital português, ou angolanas, mas com quadros portugueses, que “estão na linha da frente do desenvolvimento das capacidades produtivas em Angola”.

Acrescentou que exportar para Angola continua a ser importante, mas o futuro passa “por se investir sobretudo no reforço da capacidade produtiva e exportadora angolana”.

É aí que poderão estar as melhores oportunidades de negócios nos próximos anos“, referiu, acrescentando que ainda há desafios que devem ser ultrapassados para que se atinja esse desiderato.

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Para Luís da Silva, é preciso “que haja outra disponibilidade de divisas, que haja continuação na melhoria de infraestruturas, na melhoria da capacidade energética ou na maior qualificação de recursos humanos“.

O encarregado de negócios da embaixada de Portugal em Angola acrescentou que é preciso ainda que se melhore o ambiente de negócios em geral, com a agilização na concessão de vistos, no aumento da segurança jurídica e reforço da interação com ministérios e agências estatais.

Em declarações à imprensa, o presidente da CCIPA, João Traça, referiu que Portugal, além de exportador, pode igualmente ser um importador de produtos angolanos e a porta de entrada dos mesmos para outros países europeus.

Enalteceu ainda o nível de cooperação entre empresas portuguesas e angolanas, sobretudo fora do setor petrolífero, considerando-o exemplar.

Segundo João Traça, as empresas portuguesas estão em quase todos os setores a colaborar com as empresas angolanas, o que “não é de hoje, é de há muito tempo e vai continuar a ser assim para os próximos anos”.

A falta de divisas tem sido nos últimos anos o grande desafio para as empresas portuguesas, salientou João Traça.

Não é um problema das empresas portuguesas, é de todas as empresas em Angola e tem como origem uma situação relacionada com as receitas petrolíferas e com a alteração do preço do petróleo, que Angola não consegue controlar”, referiu.

Por sua vez, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, saudou a vinda de empresários portugueses para participar nesta edição da FILDA, retomada este ano após cancelamento em 2016, devido à crise económica.

José Severino ressaltou o facto de os empresários portugueses terem acreditado que, apesar do momento de crise que se vive no país, “era interessante vir a Angola”, realçando que é importante o seu posicionamento no país para ter acesso a ao mercado nacional e regional, ou “terá cada vez menos espaço”.