O concelho de Mação, no distrito de Santarém, sofreu uma “tragédia de prejuízos incalculáveis” que terá repercussão durante muitos anos, afirmou esta quinta-feira o autarca local, que “não vai descansar” enquanto não tiver respostas sobre o combate ao incêndio.

“Relativamente aos prejuízos e àquilo que aconteceu foi uma tragédia que o concelho de Mação viveu. Temos uma área superior a 17.000 hectares ardidos, seis primeiras habitações, vários anexos, tratores, uma ou outra viatura, barracões, animais, pasto e uma perda imensa de floresta da nossa maior riqueza. É um cenário desolador e prejuízos que neste momento são difíceis de calcular porque terão repercussões por muitos e muitos anos para este povo que recorrentemente tem sofrido”, disse Vasco Estrela, em declarações à agência Lusa.

São prejuízos incalculáveis. Neste momento temos de avaliar tudo muito bem para percebermos em concreto o que é que realmente aconteceu, a dimensão da tragédia, porque há muitas aldeias que ainda não foram rastreadas o suficiente para percebermos até que ponto a violência do fogo causou destruição”, acrescentou o presidente da Câmara de Mação.

Vasco Estrela contou que o concelho estava a recuperar da “tragédia de 2003” e lamenta que, 14 anos depois, tenha de voltar a começar tudo de novo. “Estávamos a recuperar da tragédia de 2003, quando já havia esperança num futuro melhor, quando já víamos o verde em redor das nossas aldeias, da nossa terra e da nossa paisagem. Estamos confrontados com esta situação de ter de recomeçar tudo de novo, de encontrarmos uma forma de motivar as pessoas e de arranjarmos um futuro comum em prol desta gente”, assegurou o autarca.

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Vasco Estrela reiterou que vai exigir o apuramento de todas as responsabilidades e que quer saber quais os meios e que estratégias é que estiveram no terreno. “Tiveram como consequência mais de 20 aldeias evacuadas, mais de 200 pessoas evacuadas, casas ardidas, 17.000 hectares [queimados], perceber as consequências das decisões no concelho de Mação e nos outros concelhos. Felizmente, há entidades independentes para investigar, para avaliar, tirar conclusões. Provavelmente foi tudo bem feito, e se foi tudo bem feito, temos de lamentar o azar que tivemos, se alguma coisa foi mal feita os responsáveis sejam apurados, e que, daí, se tirem conclusões para outros casos, para o nosso futuro”, vincou o autarca de Mação.

O presidente do município garante que não descansará enquanto essas respostas não forem dadas por quem de direito. “O povo do concelho de Mação tem o direito de saber se foi tudo bem feito ou se não foi tudo bem feito. Essa exigência será feita e não descansaremos enquanto não tivermos respostas”, afirmou Vasco Estrela.

Neste momento, a prioridade passa por encontrar soluções para as pessoas que ficaram sem primeiras habitações. Vasco Estrela revelou que o coordenador da Unidade de Missão para a Valorização do Interior (UMVI) visitou o concelho na quarta-feira.

Ontem mesmo o engenheiro João Paulo Catarino esteve um pouco connosco e veio mostrar a sua solidariedade e também transmitir uma mensagem do senhor primeiro-ministro de que o concelho de Mação será ajudado naquilo que for a reconstrução das habitações”, relatou.

Em declarações à Lusa, o presidente da câmara de Mação disse ainda que voltou a pedir para que o concelho faça parte do projeto-piloto anunciado pelo Governo para o ordenamento do território. “Foi também solicitado, agora com mais pertinência, que o concelho de Mação seja incluído no projeto piloto de ordenamento do território. Era algo que reclamávamos há anos, infelizmente aconteceu-nos esta tragédia. Esperemos que possamos ser incluídos nesse projeto para reconstruirmos o futuro. Gostaríamos que o Governo tivesse também atenção relativamente a este concelho”, apelou Vasco Estrela.