“Aproveitamento oportunista, imoral e inaceitável”. Foi assim que Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, descreveu o ultimato do PSD para que o Governo divulgasse a lista completa de mortos no fogo de Pedrógão Grande. “Deixou-se criar a ideia tonta e parva de que o Governo estava a ocultar as mortes”, afirmou o governante em entrevista à SIC-N na noite desta quarta-feira.

Sobre a polémica do número de mortos que dominou a semana política, Pedro Nuno Santos argumentou que quem define quais são as mortes diretas e as indiretas “é o Instituto de Medicina Legal, que faz essa aferição com base em critérios internacionais. Não é o primeiro-ministro que faz isso”.

Sobre um eventual controlo da informação a que se teria referido de forma velada o Presidente da República ao relacionar ditaduras com tragédias, Pedro Nuno Santos assumiu identificar-se com as palavras do Presidente: “Sentimo-nos identificados com isso. Em democracia ninguém pode, no seu perfeito juízo, achar que controla ou condiciona de alguma forma a informação”. Ainda acrescentou que o Governo “não controla a informação nem tem interesse nisso”, uma vez que o Executivo tem sido acusado de criar uma “lei da rolha” para os comandantes dos bombeiros não falarem, passando essa competência para a exclusividade da Proteção Civil.

Quanto a uma eventual remodelação governamental, Pedro Nuno Santos disse à SIC-N que “este primeiro-ministro não cometerá uma injustiça para acalmar os deuses”. Embora salvaguardando que essa decisões não dependem de si, o secretário de Estado alegou que mais do que “saber se A ou B deve ser punido politicamente, deve saber-se o que deve ser corrigido para o futuro”. E voltou a repetir uma ideia que já tinha enunciado: “Às vezes uma demissão é o pior serviço que se faz”. Para o secretário de Estado, é mais importante que o membro do Governo em causa “tente resolver o problema e antecipá-lo para o futuro”.

Questionado sobre se o Governo tinha desguarnecido as áreas de soberania por causa do défice e das metas macroeconómicas, Pedro Nuno Santos alegou que “isso é uma tontice da direita, quando na realidade o Governo gastou mais com as áreas de soberania do que os governos de direita. Está na Conta Geral do Estado”, apontou.

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