Cuidado: para quem luta pelo título, o FC Porto é mesmo candidato; para quem quer garantir a permanência, o Portimonense tem argumentos. Ainda estamos na pré-temporada, aquela época onde o futebol se vê muitas vezes de areia no pé e sem grandes preocupações. Mas este particular no Estádio Algarve teve qualidade, bons momentos ofensivos, muitos golos. E os dragões voltaram a brilhar no ataque, vencendo por 5-1.

Ficha de jogo

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Portimonense-FC Porto, 1-5

Jogo particular

Estádio Algarve, em Faro/Loulé

Portimonense: Ricardo Ferreira (Léo, 46′); Ricardo Pessoa, Lucas Possignolo (Felipe, 46′), Rúben Fernandes, Lumor (Ryuki, 85′); Pedro Sá, Ewerton (Dener, 61′), Paulinho (Rui Costa, 78′); Wellington (Wilson Manafá, 61′), Bruno Tabata (Inácio, 61′) e Fabrício

Treinador: Vítor Oliveira

FC Porto: Casillas (José Sá, 46′); Ricardo (Otávio, 70′), Felipe (Reyes, 65′), Marcano (Martins Indi, 65′), Alex Telles (Layún, 65′); Danilo (André André, 46′), Óliver (Herrera, 46′); Corona (Maxi Pereira, 46′), Brahimi (João Carlos Teixeira, 72′), Soares (Hernâni, 70′) e Aboubakar (Marega, 70′)

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Soares (8′), Aboubakar (11′), Brahimi (22′ e 72′), Ewerton (33′) e Hernâni (85′)

Ação disciplinar: nada a registar

Repetindo o que tinha feito com o V. Guimarães, o conjunto agora orientado por Sérgio Conceição teve 30 minutos verdadeiramente diabólicos logo a abrir o encontro. E com os intervenientes do costume a brilhar à vez: Aboubakar chegou mesmo a introduzir a bola na baliza de Ricardo Ferreira após passe de Soares mas o golo foi anulado (aos 4′, num lance que deixou dúvidas); Soares marcou mesmo no seguimento de uma grande jogada de Corona e o golo foi validado (8′, em mais um lance onde o assistente parece ter errado); Aboubakar aumentou a vantagem depois de um grande cruzamento de Alex Telles da esquerda (11′); e Brahimi fez o 3-0 numa jogada onde recebeu na área de Soares, fintou o guarda-redes e empurrou para a baliza (22′).

A capacidade de pressão alta dos azuis e brancos consegue sufocar o adversário, condiciona a primeira fase de construção e permite em poucos passes chegar a zonas de finalização. Esta parece ser mesmo a matriz de jogo do novo FC Porto, com um ataque ao quadrado assente em triângulos: com posse, o ‘6’ (Danilo) desce, os laterais sobem e ou o ‘8’ (Óliver) ou um dos avançados (Aboubakar ou Soares) caem nos corredores laterais para trabalharem com os alas e criarem superioridade para preparar o último passe. O que é que isso faz? O extremo do lado contrário e o avançado que sobra ficam à espreita na área para visarem a baliza.

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Exemplo? O terceiro golo. Toque sublime de Brahimi junto à linha lateral de calcanhar, passe a rasgar de Óliver para Soares, cruzamento atrasado para o marroquino e golo, tendo ainda Aboubakar mais recuado na área a Corona a surgir na zona do segundo poste. Mas já tinha sido assim no primeiro golo, quando Corona combinou com Óliver e Ricardo antes de cruzar para Soares. E tinha sido assim no segundo golo, quando Soares caiu na esquerda para se juntar a Brahimi e Alex Telles antes do centro do canhoto para a cabeça de Aboubakar.

Perante este cenário, foi complicado ao Portimonense fazer mais. A equipa de Vítor Oliveira, que regressou na última época à Primeira Liga, mantém-se fiel ao esquema tático que vem da temporada transata (4x3x3/4x2x3x1), é uma equipa que gosta de ter posse e trabalhar a circulação com variação de corredores (Fabrício e Paulinho são bons de bola), mas ficou demasiado presa às questões que a pressão do FC Porto levantava e os algarvios não conseguiam responder. Assim, o melhor que conseguiu foi reduzir a desvantagem aos 33′, com Ewerton a receber na área um cruzamento da direita e a rematar cruzado sem hipóteses para Casillas.

No segundo tempo, os algarvios tentaram apostar mais nas transições, jogando nas costas da defesa ou nos espaços deixados em aberto pelas subidas dos laterais. Aos 50′, Paulinho ficou perto do 3-2, mas acabou por adiantar em demasia a bola e José Sá conseguiu resolver da melhor forma o lance. O FC Porto parecia estar a perde um pouco de gás na parte física, aquele gás que propicia a que brilhe a tática e a técnica. Mas era apenas uma ilusão de ótica e, com outros jogadores e apenas um avançado na frente, conseguiu mesmo chegar à goleada.

Brahimi, a encostar ao segundo poste após combinação na área entre Hernâni e André André (que com Herrera, mesmo sendo ‘6’, pode subir mais em campo), bisou aos 72′; Hernâni, surgindo isolado nas costas da defesa contrária depois de um grande passe longo de Herrera, fechou as contas em 5-1 a cinco minutos do final.

Ainda estamos em fase de experiências, mas Portimonense e FC Porto levaram muitas notas (boas e más) para afinar as equações futebolísticas para o início da temporada. Nos algarvios, a capacidade de circular bola é boa, mas o eixo central recuado tornou-se uma linha reta a convidar os adversários a marcar; nos dragões, a forma como a equipa pressiona alto e agressivo coloca o ataque a funcionar ao quadrado e assente em triângulos.