Rodrigo Tacla, advogado da empreiteira brasileira Odebrecht, contou, em entrevista ao jornal espanhol El País, que a empresa subornou “mais de mil” funcionários, candidatos e presidentes em 28 países. O advogado revelou que, deste total de casos de suborno, metade aconteceram no Brasil. Entre eles estão “políticos e altos funcionários brasileiros cujos nomes ainda não foram divulgados”.

O advogado contou que a empresa estabelecia o primeiro contacto nas campanhas eleitorais ao suportar os gastos relacionados com marketing e, de seguida, “sugeria depois as obras que seriam incluídas nos planos do Governo”, funcionando como um favor.

O dirigente incluía no seu plano de Governo as obras que interessavam à Odebrecht. A construtora, em alguns casos, aconselhava os países sobre como conseguir financiamento por meio de órgãos como o Banco Mundial ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento”, explicou Tacla ao El País.

Um dos políticos alegadamente subornados foi o primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, a quem a Odebrecht terá desembolsado 11 milhões de reais em janeiro de 2016, uma transação “feita por intermédio do diplomata desse país, Casroy James”, contou advogado.

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O dinheiro tinha por objetivo evitar que Antígua e Barbuda comunicasse às autoridades judiciais do Brasil as movimentações no Meinl Bank, uma instituição local adquirida pela Odebrecht e que foi utilizada para a lavagem de dinheiro dos subornos”, esclareceu ainda.

Segundo o advogado, a Odebrecht chegou a tentar oferecer um avião ao ex-presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, que acabou por recusar.

Na entrevista, Tacla revelou, também, que a empresa “mandava mulheres do Brasil para festas com políticos no Panamá e na República Dominicana”, que organizava. “Era a maneira de a construtora manifestar sua gratidão”, explicou.

Rodrigo Tacla foi advogado do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht até 2016. Foi detido em novembro de 2016 durante 72 dias na prisão de Soto del Real, em Madrid, por suborno e lavagem de dinheiro. O pedido de extradição para o Brasil foi rejeitado. O advogado está a colaborar com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e com a Procuradoria anticorrupção espanhola.