É um voto que não está previsto na Constituição. Ou, pelo menos, não sem primeiro ter que se realizar um referendo que possa medir a vontade do povo em mudar, ou não, as leis que o regem. Mas Nicólas Maduro decidiu, mesmo assim, marcar uma eleição para escolher os 545 membros de uma Assembleia Constituinte que ficará encarregue de proceder às mudanças na Constituição.

O anúncio das suas intenções foi feito no Dia do Trabalhador, a um de maio de 2017, mas já nem os trabalhadores, que foram a grande base de apoio do mentor de Maduro, Hugo Chavez, estão ao lado de uma revolução que parece ter defraudado as expectativas de muitos — segundo a Datánalisis, mais de 82% dos venezuelanos vivem na pobreza e mais 70% está contra esta Assembleia.

Os apoiantes de Maduro falam em violência da oposição, a quem acusam também de destruir medicamentos e alimentos apenas para fomentarem o descontentamento entre a população. Mas a fome é hoje uma visão comum nas ruas da Venezuela, um país que nos anos 60, 70 e 80 era a inveja económica e social dos seus vizinhos e o destino de milhões de europeus, incluindo milhares de portugueses que agora estão a voltar.

As comunidades de emigrantes venezuelanos na América Latina juntaram-se aos protestos internos contra a instituição de uma Assembleia que a oposição teme venha a tomar o lugar do Parlamento, mas foram, na sua maioria pacíficos, ao contrário do que aconteceu na Venezuela onde mais de 110 pessoas já perderam as suas vidas.

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