A emissão de um documentário no Reino Unido, com confissões feitas pela princesa Diana ao seu treinador de voz, está envolta em polémica. Diana fala da sua relação com o Príncipe de Gales — e do facto de Charles apenas mostrar vontade de ter sexo a (um estranho “padrão”) de três semanas –, da sua paixão por um guarda-costas do Palácio de Buckingham que morreu num acidente de mota semanas depois de ser afastado das suas funções — e que a princesa suspeitava ter sido assassinado — e da sua luta pessoal contra a bulimia.

Em 2004, alguns excertos dessas gravações foram emitidos pela cadeia norte-americana NBC. Mas a decisão do Channel 4 de emitir o documentário “Diana, nas suas próprias palavras” no Reino Unido assume uma outra dimensão — muito maior –, sobretudo quando passam 20 anos sobre a morte da princesa, em Paris, num acidente de carro em que também seguia o seu companheiro da altura, o milionário Dodi Fayed.

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Sentada num sofá, com uma câmara a poucos metros num plano fechado sobre si, Diana falou longamente com Peter Setteen sobre a sua pessoal. Estava a treinar “a sua voz” e as sessões serviriam, sugerem alguns media britânicos, para preparar a princesa para uma entrevista de vida. No momento em que as “entrevistas” acontecem, Diana e Carlos já não estavam a viver juntos, ainda que o divórcio só viesse a ser oficializado em 1996.

É durante esses encontros que a princesa aborda os pormenores mais privados da sua vida. Entre eles, a sua relação sexual com o Príncipe de Gales.

Nunca havia disponibilidade da parte dele para isso — uma vez de três em três semanas, por aí — e eu pensava que esse comportamento seguia um padrão”, admite Diana. “Ele costumava ver a sua senhora [Camilla Parker Bowles, com quem Carlos viria a casar-se mais tarde] a cada três semanas antes de nos casarmos”, refere ainda.

Noutro momento, Diana — que confessa ter ficado traumatizada com a forma como Carlos respondeu a uma pergunta sobre se estava apaixonado (o herdeiro ao trono termina a resposta com um “o que quer que o amor signifique”) — fala sobre a sua relação com Manakee, um guarda-costas do Palácio de Buckingham por quem se apaixonou.

“Estava absolutamente disposta a abdicar de tudo isto para partir e ir viver com ele”, admite Diana a Peter Setteen. Quando surgiram rumores do caso entre os dois, Manakee foi transferido para outras funções. Acabaria por morrer num acidente de mota algumas semanas mais tarde, num episódio que a princesa estava convicta não ter sido um acaso. “Foi tudo descoberto e ele foi corrido e depois morreu. Foi o maior golpe da minha vida, devo dizer.”

Quando Diana morreu, no último dia de agosto de 1997, as cassetes ficaram na posse do seu mordomo, Paul Burrell. Depois de uma batalha legal, o irmão mais novo da princesa tentou que os tribunais lhe atribuíssem a titularidade dos vídeos, mas a decisão acabou por determinar que seria o ator e professor de voz de Diana (que gravou as conversas) a ficar com as cassetes.

A emissão do documentário coincide com a divulgação de um outro trabalho documental em que os filhos de Diana, William e Harry, falam de forma mais pessoal sobre a sua mãe e sobre as memórias que guardam da princesa. O segundo e terceiro herdeiros aos trono britânico decidiram falar agora para mostrar uma faceta de Diana que não conhecida do público.