O governo norte-americano aprovou esta segunda-feira a aplicação de sanções económicas ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, depois de as eleições para a Assembleia Constituinte, realizadas no domingo, terem sido apelidadas por Washington como uma “farsa”. “As eleições ilegítimas de ontem [domingo] confirmam que [Nicolas] Maduro é um ditador que despreza a vontade do povo venezuelano”, disse o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, citando em comunicado do seu departamento, no qual se anunciou um congelamento de “todos os bens” do Presidente venezuelano nos Estados Unidos, informou a Lusa.

O assessor do Presidente norte-americano, Donald Trump, para a Segurança Nacional, H.R. McMaster, descreveu a eleição que vai permitir a Maduro reescrever a Constituição, como uma “captura escandalosa do poder absoluto” que representa “um rude golpe para a democracia no hemisfério”. “Maduro não é só um mau líder, agora também é um ditador”, disse McMaster.

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As sanções congelam todos os ativos de Maduro que estão sob jurisdição norte-americana e proíbem os cidadãos norte-americanos de fecharem negócios com o presidente. De acordo com a Reuters, os Estados Unidos estão a considerar mais sanções a serem aplicadas ao mercado do petróleo venezuelano, o que será devastador para um país com os contextos económicos da Venezuela.

Maduro festejou o resultado eleitoral de domingo, que lhe confere mais poderes enquanto presidente. A oposição contesta este resultado e avisa para o perigo de o país cair numa “ditadura completa”. Catorze pessoas morreram só no domingo, em protestos com as autoridades. Nos últimos dois meses os protestos alargaram-se de Caracas a todo o país e já vitimaram mais de 100 pessoas.

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Além dos Estados Unidos, a Colômbia, o Panamá, o Peru, a Argentina e a Costa Rica anunciaram já que não iam reconhecer a futura Assembleia Constituinte venezuelana. A Bolívia denunciou a submissão destes países ao governo norte-americano. O Canadá afirmou que esta é uma “eleição antidemocrática”.

O México lamentou que o governo venezuelano tenha organizado um escrutínio “contrário aos princípios democráticos universalmente reconhecidos”, de acordo com um comunicado da Secretaria de Relações Externas (SRE). No mesmo comunicado, o México condenou os incidentes de violência e repressão e considerou que avançar com a constituição da Assembleia Constituinte significa “uma continuação do conflito”.

O México defendeu ser “o momento” de privilegiar “o diálogo e a reconciliação”, instando Governo e oposição a realizarem um diálogo genuíno e com garantias que permitam ao povo venezuelano restaurar a ordem democrática e retomar o caminho de desenvolvimento e o Estado de Direito.

O Brasil lamentou a decisão do Governo venezuelano em não cancelar as eleições de domingo para a Assembleia Constituinte, confirmando “a rutura da ordem constitucional” naquele país, divulgou num comunicado o Ministério das Relações Exteriores brasileiro. Já a União Europeia defendeu que a Assembleia Constituinte “não pode ser parte da solução” da crise no país, condenando o “desproporcionado” uso da força pelos agentes de segurança venezuelanas.

A convocatória para a eleição foi feita a 1 de maio pelo Presidente, Nicolás Maduro, com o principal objetivo de alterar a Constituição em vigor, nomeadamente os aspetos relacionados com as garantias de defesa e segurança da nação, entre outros pontos.