O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela justificou esta terça-feira a condução coerciva de dois dirigentes da oposição para uma prisão militar por alegados preparativos de fuga, segundo os serviços de inteligência do país.

A prisão domiciliária de Leopoldo López e Antonio Ledezma, dirigentes da oposição venezuelana, foi revogada pelo STJ, tendo os dois sido retirados esta madrugada das suas casas.

Em comunicado, o STJ diz ter recebido foram recebidas “por fontes de inteligência oficial (serviços secretos), informações que dava conta de um plano de fuga desses cidadãos, pelo que, e com a urgência do caso, se ativaram os procedimentos correspondentes”.

De destacar que as condições impostas a (Leopoldo) López não permitiam realizar nenhum tipo de campanha política, devido à sentença que pesa contra sim”, salienta o STJ.

No caso de Antonio Ledezma, foi-lhe imposta a obrigação de se abster de emitir declarações, sob pena de revogação da pena atribuída, recorda o STJ. Leopoldo López e Antonio Ladezma foram novamente colocados na prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, de onde tinham saído recentemente para cumprir as penas em prisão domiciliária.

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As imagens das detenções de Leopoldo López e Antonio Ledezma, opositores de Maduro

O advogado de defesa de López, fundador do partido Vontade Popular (centro-esquerda), disse à emissora privada Circuito Êxito que, nesta madrugada, tinham conseguido confirmar que o opositor foi levado para aquela prisão, acrescentando que espera poder vê-lo ainda esta terça-feira, por se tratar de “dia de visita legal”. Por sua parte, Mitzy Capriles, a mulher de Ledezma (Aliança Bravo Povo) assegurou, numa conferência de imprensa em Madrid, que os advogados do autarca de Caracas também haviam confirmado o mesmo local de detenção.

Dirigentes de Vontade Popular e de ABP responsabilizaram o Presidente, Nicolás Maduro, pela integridade física dos dois dirigentes da oposição. Poucas horas antes, o líder do ABP tinha recusado a proposta do chefe de Estado que pedia para a oposição concorrer às próximas eleições locais, previstas para o final do ano.

“Não imagino ninguém que seja leal à luta a inscrever-se, numa fila indiana, para esse Conselho Nacional Eleitoral (CNE), já aguentamos muito com esta CNE que foi protagonista, no domingo, de uma fraude grosseira”, disse Ladezma através das redes sociais, pouco antes de ser levado para parte incerta pelos serviços de informações.

Ladezma foi detido em fevereiro de 2015, depois de ter sido acusado de conspiração. Após dois meses na prisão militar de Ramo Verde foi-lhe atribuída “uma medida cautelar que substitui a liberdade” e, por motivos de saúde, foi-lhe atribuído o regime de prisão domiciliária. Ladezma ainda não foi condenado, quase dois anos e meio depois da detenção.

López esteve na mesma prisão militar durante três anos, onde foi torturado várias vezes, segundo denunciaram os advogados do membro da oposição.