O Presidente timorense disse esta quarta-feira que o eleitorado mostrou, nas legislativas de 22 de julho, querer a união dos líderes do país “na busca de um caminho que assegure a boa governação”. Um caminho em que os timorenses continuam a depositar a sua confiança nos líderes históricos do país, frisou Francisco Guterres Lu-Olo, numa mensagem em vídeo que vai ser transmitida esta quarta-feira em Timor-Leste.

Estou convicto de que o VII governo será formado com base nas várias opiniões. Teremos um governo com estabilidade governativa, ou seja, que irá governar guiado pelo contributo de todos os partidos representados no parlamento nacional”, disse o Presidente timorense, na mensagem à nação.

“Estou convencido de que os restantes partidos também darão o seu contributo. Acredito também que teremos um governo que fará cumprir a vontade do povo”, adiantou. A mensagem de Lu-Olo, que vai ser transmitida pela televisão em Timor-Leste, foi gravada um dia depois do Tribunal de Recurso ter validado os resultados das legislativas de 22 de julho, em que a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) foi o partido mais votado.

O nosso povo não se esquece de como conquistámos a nossa independência, e de quem nos levou à independência. O povo continua a depositar a sua confiança nos líderes históricos Mari Alkatiri, Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak”, sublinhou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Através destas eleições, o povo pediu aos líderes que se unissem na busca de um caminho que assegure a boa governação nos próximos cinco anos”, disse, na mensagem em que saúda “o povo amado de Timor-Leste” e os “líderes políticos e militantes dos 21 partidos” que se apresentaram a votos no passado dia 22 de julho.

“Acredito que estes líderes históricos saberão unir-se apesar das diferenças de opinião”, acrescentou. Na mensagem, Lu-Olo felicitou a Fretilin “na qualidade de partido vencedor”, e os restantes quatro partidos com assento parlamentar – Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Partido Libertação Popular (PLP), Partido Democrático (PD) e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO). Aos restantes partidos que não passaram a barreira dos 4% dos votos válidos, o chefe de Estado agradeceu a “maturidade política que demonstraram durante todo o processo eleitoral”.

O processo eleitoral mostrou que Timor-Leste tem “maturidade política (…) capacidade de realizar eleições justas, livres e transparentes” e vontade de “consolidar a paz e a estabilidade em todos os momentos”, destacou. “Demonstrámos uma vontade coletiva de fortalecer o Estado de Direito democrático”, considerou.

“Todo o processo eleitoral decorreu em conformidade com a lei e as regras da democracia, num ambiente de paz e estabilidade. Podemos concluir que o resultado destas eleições é expressão da vontade do povo”, frisou. Convicto de que “todos os partidos saberão aceitar” a vontade expressa pela população no voto, Lu-Olo recordou que ninguém teve maioria absoluta ou “capacidade de, segundo a Constituição, constituir governo sozinho”.

Lu-Olo explicou que na quinta-feira vai “convidar os partidos políticos mais votados pelo povo a ocuparem os seus lugares no Parlamento Nacional”.

O chefe de Estado considerou que os encontros serão profícuos “na busca do melhor caminho de governação, em conformidade com os resultados eleitorais” e pediu “calma e tranquilidade enquanto os partidos procuram uma solução para o novo governo”. “A paz e a estabilidade não dependem apenas das forças de defesa e segurança. depende de todos nós. Continuemos juntos a prestigiar o nome de Timor-Leste”, disse.

“Durante a nossa luta pela libertação nacional mostrámos ao mundo a nossa coragem e firmeza até conquistarmos a nossa independência. Hoje damos provas ao mundo da nossa maturidade política e cívica, e vontade democrática”, frisou. Fonte da Presidência timorense confirmou à Lusa que o chefe de Estado terá na quinta-feira encontros com os líderes da Fretilin, CNRT e PLP, e na sexta-feira com a liderança do PD e KHUNTO.

Antecipa-se que o CNRT realize no fim de semana uma conferência nacional, que chegou a estar marcada para o passado fim de semana, na qual decidirá que posição adotará na formação do Governo.