Deviam os jogadores do FC Porto estar a pensar que tinham acabado os treinos às 7h30 (é verdade, Sérgio Conceição tinha essa pequena “surpresa” preparada em algumas sessões) e já levavam com dois jogos num dia. E com este técnico não há brincadeiras: é para ser a sério, para meter o pé. Talvez por isso, notou-se que os jogadores, em termos globais, não estiveram tão “soltinhos” como é normal, com tudo o que isso depois provoca: menor capacidade de pressionar alto, menor intensidade a reagir à perda de bola, menor critério na posse e circulação. Ainda assim, mais do que suficiente para ganhar. E em dose dupla.

Ficha de jogo

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Gil Vicente-FC Porto, 1-3

Jogo de apresentação do Gil Vicente (jogo particular)

Estádio Cidade de Barcelos

Gil Vicente: Rui Sacramento (Júlio Neiva, 46′ e Rafa, 73′); Ricardinho (Reko, 46′), Sandro (Luiz Eduardo, 46′), Vítor Tormena (Rui Faria, 46′), Luís Tinoco (Henrique, 46′ e Kimpala, 73′); Jumisse (Miguel Abreu, 46′), André Fontes (Tiger, 46′); Fall (Jean, 46′ e Gaston Camará, 73′), Jonathan Toro (Peter, 46′), James (João Pedro, 46′) e Rui Miguel (Keita, 46′)

Treinador: Jorge Casquilha

FC Porto: José Sá; Ricardo Pereira, Felipe, Marcano, Layún; André André (Herrera, 64′), Óliver (Rafa Soares, 64′); Hernâni (Maxi Pereira, 64′), Otávio, Soares e Marega (Sérgio Oliveira, 64′)

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Soares (3′, 86′ e 90+1′) e Jonathan Toro (29′)

Ação disciplinar: nada a registar

Depois de um triunfo à porta fechada por 4-1 frente ao P. Ferreira, com golos de Aboubakar na primeira parte e Layún, Marega e Brahimi nos derradeiros 20 minutos (André Leal empatou pelo meio, de livre direto), os dragões foram a Barcelos vencer o Gil Vicente por 3-1. Mas, mesmo tratando-se de um conjunto da Segunda Liga, a verdade é que foi o teste que colocou mais dificuldades sobretudo defensivas aos azuis e brancos.

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Os visitados, que provavelmente prepararam este encontro com especial cuidado para deixar uma boa imagem logo no arranque da temporada (já fizeram dois encontros a contar para a Taça da Liga, vão agora começar a Segunda Liga), adotaram uma estratégia arriscada de subirem as linhas sem bola, colocarem a zona defensiva perto do meio-campo e juntarem blocos em 20/30 metros para condicionarem a circulação de bola dos azuis e brancos. No entanto, logo na primeira vez que alguma coisa falhou, o FC Porto marcou mesmo: grande passe longo de Otávio para as costas da defesa contrária a isolar Soares que, sozinho, fez o 1-0 aos 3′.

Foi mais uma entrada inspirada do FC Porto, como as últimas que teve nos jogos particulares esta pré-temporada, mas desta vez não teve continuidade. E, dentro do equilíbrio que se foi arrastando, a verdade é que os gilistas foram criando oportunidades junto à baliza de José Sá: aos 22′, Fall aproveitou um cruzamento rasteiro de Jones para desviar para o poste; aos 27′, Jonathan Toro encontrou espaço para rematar muito perto do poste.

O Gil Vicente ameaçava e marcou mesmo, através de Jonathan Toro, no seguimento de mais uma excelente combinação rápida do ataque dos visitados que deixou o avançado nascido nas Honduras mas com nacionalidade espanhola isolado para bater o guarda-redes azul e branco (29′). Bom golo de um jogador que prometeu muito em 2014/15, quando “varreu” a fase final do Campeonato de Juniores com 13 golos em 14 jogos e colocou os gilistas a conseguirem ombrear com o campeão FC Porto e o vice Sporting. Esteve na última época cedido ao Arandina, voltou e leva três golos em dois encontros oficiais, a contar para a Taça da Liga. Será que é desta que dá o salto?

O FC Porto acusou o golo, subiu linhas, tentou dar mais intensidade ao seu jogo mas o intervalo chegou com o empate. No segundo tempo, e depois de um “apertão” no balneário, os dragões surgiram mais dominadores contra um conjunto de Barcelos totalmente renovado, aumentaram e muito a posse de bola mas tardaram em conseguir criar oportunidades flagrantes de golo que permitissem retomar a dianteira do marcador. Até que, com Aboubakar a descansar, apareceu Soares. E foi… Soares, como no ano passado.

À entrada para os últimos cinco minutos, o avançado brasileiro conseguiu fazer o 2-1 aos 86′ com um grande trabalho individual na área a culminar com um remate rasteiro e, no primeiro minuto de descontos, apontou o 3-1 de cabeça, após livre lateral bem marcado por Sérgio Oliveira. E os dragões mantiveram assim não só a onda de bons resultados nesta pré-temporada que hoje terminou mas também a veia goleadora que já vinha de manhã.

No final do encontro, Sérgio Conceição admitiu que o jogo com o Gil Vicente foi o pior teste dos dragões nesta fase preliminar da época. Mas a verdade é que, mesmo com as baterias em baixo pela carga aplicada ao longo do dia, a equipa azul e branca ganhou. E, como se percebeu pela reação dos adeptos no final, vai entrar com o peito cheio de confiança na Primeira Liga, quando receber o Estoril na próxima quarta-feira.