222 milhões de euros: este é o valor que o Paris-Saint Germain (PSG) está disponível a pagar ao Barcelona FC pela transferência do futebolista brasileiro Neymar. Um valor a que acrescem os montantes pagos em comissões, prémios de assinatura e, claro, ordenados — tudo valores que, no futebol, tendem a ser falados em termos líquidos, após impostos. Quem tem razões para sorrir, e admite-o, é o ministro das Contas Públicas de França, que já veio “regozijar-se” com a possível transferência, um verdadeiro jackpot para o Tesouro francês.

“Se, efetivamente, Neymar vier para um clube francês, então o Ministério das Contas Públicas vê com satisfação os impostos que ele poderá pagar em França”, afirmou Gérald Darmanin, que tem a pasta da Ação e das Contas Públicas no novo governo de Emmanuel Macron. As declarações são citadas pelo Le Figaro, tal como em outros jornais franceses.

É melhor que este futebolista pague os seus impostos em França do que noutro sítio. Quando se é ministro da República, o dever que temos é defender os interesses do estado e os interesses do Estado é que as pessoas paguem impostos em França”.

O responsável não quis adiantar a estimativa de receita fiscal que o Estado francês poderá receber. Mas o Le Figaro fez as contas e chegou a um valor: 300 milhões de euros em receita fiscal e contribuições para a segurança social ao longo dos cinco anos do contrato em cima da mesa.

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Os 222 milhões de euros são a cláusula de rescisão definida pelo Barcelona, o valor que o clube catalão irá receber. Contudo, sobre este valor terá de entregar 40%, diz o Le Figaro, cerca de 80 milhões de euros que vão para os cofres geridos por Luis de Guindos, o ministro da Economia espanhol, subtraindo ao encaixe do Barcelona. Para o PSG, contudo, a conta está longe de ficar por aqui.

Do que se sabe do negócio, o PSG irá, também, pagar um prémio de assinatura inédito, ao jogador, na ordem dos 100 milhões de euros. Depois disso, em cada um dos anos do contrato o futebolista receberá um ordenado de 30 milhões (líquidos) por ano. Em termos brutos, o salário anual irá superar 62 milhões de euros, o que coloca Neymar claramente no topo das taxas de impostos de França — as mesmas que já levaram, por exemplo, o ator Gérard Depardieu a mudar a residência fiscal para a Rússia.

Um economista ligado ao desporto, contactado pelo Le Figaro, estima que entre impostos e contribuições sociais o Estado francês irá receber 37,5 milhões de euros por ano, mais do que os 19,5 milhões que outro futebolista Zlatan Ibrahimovic, que também esteve ao serviço do PSG, “rendia” aos cofres do Estado. Os 37,5 milhões são a diferença entre o salário bruto e o salário líquido, mais cerca de 10,5 milhões em contribuições para a segurança social. Neymar estará, contudo, isento de pagar o imposto sobre as grandes fortunas (ISF) nos primeiros cinco anos, por nunca ter vivido em França.

E falta outro grande impulso — previsível — para as contas públicas: as vendas de camisolas e outro merchandising irão pagar IVA, para não falar do IVA dos bilhetes para os jogos que, a confirmar-se a transferência, tenderão a ter mais espectadores.

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