O Serviço de Emigração e Fronteiras (SEF) português passou a verificar, ainda no interior das aeronaves provenientes de Luanda, a validade dos documentos de passageiros, devido à “elevada quantidade” de documentos falsos que estão a ser detetados.

A informação foi prestada esta sexta-feira à Lusa, em Luanda, através do Ministério das Relações Exteriores de Angola, e consta de um aviso do Instituto das Comunidades Angolanas no Exterior e Serviços Consulares dirigido a companhias Aéreas, agências de viagens e turismo e ao público em geral.

A medida, acrescenta, está em vigor desde o dia 26 de junho e envolve, ainda no interior das aeronaves, a “revista e verificação da validade dos documentos de viagem e vistos de entrada dos passageiros provenientes de Angola”.

Esse procedimento deve-se à elevada quantidade de vistos de entrada falsificados e de passaportes obtidos de modo irregular, portados por cidadãos supostamente angolanos que viajam com destino a Portugal”, esclarece o documento, das autoridades angolanas.

Não é adiantada mais informação sobre estas medidas, mas algumas fontes em Luanda acrescentaram à Lusa que na origem dos documentos falsificados detetados nos aeroportos de Lisboa e do Porto (rotas diretas das companhias aéreas que viajam de Luanda, a angolana TAAG e a portuguesa TAP) estão, nomeadamente, cidadãos da vizinha República Democrática do Congo, que tentam entrar na Europa através de Portugal.

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“Os passageiros que não reúnam os requisitos migratórios exigidos, ao desembarcarem nos aeroportos de Portugal, serão aplicadas as medidas exigidas previstas por lei, nomeadamente, o repatriamento compulsivo e imediato para o país de origem”, recorda apenas a nota da diplomacia angolana.

A Lusa noticiou a 20 de dezembro passado que o consulado-geral de Portugal em Luanda emitiu, em 2016, mais de 55 mil vistos em passaportes, um aumento de cerca de 10 por cento face a 2015.

Segundo números avançados à Lusa por aquele consulado, deram entrada em Luanda, entre 1 de janeiro e 10 de dezembro, um total de 63.304 pedidos de visto, um aumento de 12% em termos homólogos, tendo sido atribuídos 55.378 (entre Espaço Schengen e apenas para território nacional português).

Trata-se de um aumento de quase 5.000 vistos atribuídos num ano (+9,8%), com Luanda a voltar a apresentar, em 2016, o maior movimento na rede consular portuguesa.

“Como o comprovam os números, a crise não veio alterar a tendência crescente dos pedidos de visto Schengen no consulado-geral de Portugal em Luanda. Apesar das dificuldades que se vivem no país, o constante aumento dos pedidos de vistos vem comprovar que Portugal não é um mero destino turístico para os angolanos, cujo fluxo varia ao sabor das crises”, afirmou, em declarações à Lusa, em dezembro, a cônsul-geral, Alexandra Bilreiro.

De acordo com a diplomata, os angolanos continuam a viajar para Portugal “para turismo, mas sobretudo visitar familiares, fazer negócios, ou também por motivos de saúde”.

“Muitos têm familiares a viver, estudar ou trabalhar em Portugal, o que lhe permite algumas poupanças no alojamento, e Portugal permanece um destino relativamente barato, comparado com outros destinos europeus ou outros destinos de férias”, refere a cônsul em Luanda.