Voos cancelados, árvores arrancadas, inundações, carros arrastados pelas águas e até um Benfica-Sporting adiado, depois de uma placa se partir na cobertura do Estádio da Luz, enchendo o relvado de pedaços de lã de rocha. Entre 8 e 10 de fevereiro de 2010 a tempestade Stephanie deixou Portugal em alvoroço — e o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) não esteve à altura da situação. Uma série de cortes de energia deixaram inoperacionais 65 estações-base em todo o país, 13% de toda a rede, explica o Jornal de Notícias, que esta segunda-feira dá conta desta e de várias outras falhas registadas desde 2010.

De acordo com o jornal, que acedeu a cerca de uma dezena de relatórios de desempenho do próprio SIRESP, escritos entre 2010 e 2017, o sistema não só não está preparado para situações de incêndios como os registados este verão em Pedrógão Grande ou Mação como também não tem um bom desempenho em tempestades ou sequer grandes eventos programados. Entre 11 e 14 de maio de 2010, quando o então papa Bento XVI visitou o país, as estações da rede de comunicação de emergência na zona de Fátima ficaram saturadas. Meses mais tarde, quando chegaram a Lisboa cerca de 60 chefes de Estado e de governo, para a cimeira da NATO, novos problemas: “falta de cobertura de rede e saturação dos equipamentos”.

“Cortes de energia, falhas em baterias, ausência de geradores de reserva, cabos ardidos ou destruídos durante tempestades, estações em modo local (fora da rede) e antenas móveis e fixas com pouca capacidade para dar conta das comunicações de emergência” — eis o panorama descrito pelo jornal a partir da consulta dos relatórios do SIRESP, sistema que “colapsa praticamente todos os anos” sem que alguma vez o Estado português tenha exigido o pagamento de quaisquer penalidades à empresa que o opera por isso.

O Ministério da Administração Interna não quis comentar a notícia.

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