Pelo menos 63 homens foram detidos, na segunda-feira, no Rio de Janeiro por crimes contra mulheres, numa operação pelo 11.º aniversário da Lei Maria da Penha, que criou mecanismos contra a violência doméstica no Brasil.

A operação da divisão da polícia de atendimento à mulher foi posta em prática para executar 72 mandados de prisão e 17 de busca e apreensão.

Um dos objetivos da operação passa por encorajar as mulheres a denunciarem os agressores, explicou Márcia Noeli, a chefe da divisão responsável por coordenar as 14 delegacias do estado especializadas em atender mulheres vítimas de violência, em conferência de imprensa.

O que nós queremos é, na verdade, falar com essa mulher, encorajá-la, dar poder a essa mulher e dizer: ‘Olha, não tenha medo. Vá à delegacia e denuncie’. Desde a criação da Lei Maria da Penha há mais registos de ocorrência. Então, a mulher tem procurado mais a delegacia e nós estamos lutando sempre para que mais mulheres possam denunciar”, afirmou.

Coincidindo com o 11.º aniversário da entrada em vigor da Lei Maria da Penha, o Instituto de Segurança Pública divulgou os números relativos à violência machista no Rio de Janeiro.

Os assassínios de mulheres aumentaram 5,5% no primeiro semestre do ano, com 380 casos, enquanto os de agressões diminuíram 10,26%, em termos anuais homólogos, para 44.693. O relatório também mostrou que as mulheres continuam a ser as principais vítimas de violações (85,3% do total), ameaças (65,4%), lesões corporais intencionais (63,8%), assédio sexual (93,3%) e atentados ao pudor (91%).

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A maioria dos crimes contra mulheres é praticada por pessoas próximas da vítima, como namorado, familiares, ex-companheiros, amigos, conhecidos ou vizinhos.

Os pais, padrastos, familiares, amigos, conhecidos ou vizinhos foram responsáveis por mais de um terço (37%) das violações de mulheres em 2016. Mais de 60% das violações e lesões corporais contra mulheres sinalizadas no ano passado ocorreram no interior de casas, assim como 40% das tentativas de homicídio.

O Brasil é o quinto país do mundo com a maior taxa de assassínios de mulheres, apenas superado por El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.