O funcionário da Google que escreveu um discurso considerado sexista foi despedido. O funcionário em questão foi identificado como sendo James Damore, um engenheiro da empresa.
James Damore tinha defendido na sexta-feira a desigualdade laboral entre género, por considerar que a falta de mulheres em trabalhos de alta tecnologia se devia a diferenças biológicas entre sexos. A Alphabet – a dona da Google – despediu-o e o engenheiro foi acusado de “promover estereótipos de género”.
Funcionário da Google faz discurso polémico, considerado “sexista”
O funcionário vai agora procurar “todos os mecanismos legais” para recorrer da decisão, adiantou o próprio à Reuters. Além disso, o engenheiro agora despedido defende-se das acusações considerando que estava apenas a “expressar preocupações”.
Tenho o direito legal de expressar as minhas preocupações sobre os termos e condições do meu ambiente de trabalho e de denunciar potenciais comportamentos ilegais, que é o que o meu documento faz”, disse também ao New York Times.
O documento levou a uma resposta imediata de Danielle Brown, a nova responsável pelo departamento de Igualdade e Diversidade da Google. Num comunicado, Danielle afirmou que as ideias de James ia de encontro aos ideais defendidos pela Google. Danielle defendeu mesmo a “diversidade” e a “inclusão” como fundamentais para o sucesso da empresa.
Também na segunda-feira, a BBC escreveu que Sundar Pichai, o presidente executivo da Google, tinha divulgado um memorando onde condenava as opiniões do funcionário e onde afirmava que as palavras eram estereótipos “que prejudicam o ambiente de trabalho e a empresa”. “Sugerir que um grupo de colegas tem características que o torna biologicamente menos apto para um trabalho é ofensivo e não é correto“, afirmou Sundar no comunicado partilhado pela TechCrunch.
A WikiLeaks já o quer contratar
Mas não há só opiniões negativas. O fundador da WikiLeaks, por exemplo, condena a decisão da Google. Julian Assange já ofereceu até emprego ao agora despedido James Damore. A oferta foi feita no seu Twitter.
1/ Censorship is for losers. @WikiLeaks is offering a job to fired Google engineer James Damore. https://t.co/tmrflE72p3
— Defend Assange Campaign (@DefendAssange) August 8, 2017
Censura é para falhados. A WikiLeaks está a oferecer emprego ao engenheiro despedido da Google James Damore”, lê-se.
“Boicote” à Google?
Além do fundador da WikiLeaks, várias outras vozes de apoio mostraram apoio a James Damore e vários protestos “anti-diversidade” estão a “invadir” a internet, escreve o Gizmodo.
As críticas dos utilizadores à Google são várias e no Twitter há quem acuse a empresa de “censura” e até de ser uma organização “nazi”. Além dessas críticas, outros utilizadores apelam ao uso de outros navegadores e de outros programas alternativos aos programas da Google (como o Youtube).
#boycottgoogle pic.twitter.com/PKeOn5PmsS
— Pheenix11 (@Pheenix111) August 8, 2017
https://twitter.com/WalterW11819415/status/894784804075393024
Diversity refers only to externally visible things, obviously. Difference of opinion is not tolerated. @Google #BoycottGoogle. Use @bing.
— (((Ed Moran))) (@EdMoran1964) August 8, 2017
Um utilizador trocou até a palavra “Google” por “Guulag”, um símbolo de repressão durante a ditadura estalinista — Guulag foi um campo de trabalhos forçados para onde iam os opositores do regime soviético.
https://twitter.com/AceRimmerTwitte/status/894856233026322433
A igualdade laboral tem sido um tema cada vez mais discutido. Tal como a maioria das empresas de Sillicon Valley, no Estados Unidos, os trabalhadores da Google são maioritariamente homens. Os dados mais recentes falam em 20% de mulheres e em apenas 1% de afro-americanos em empresas de tecnologia.