Um bolo de fruta centenário foi descoberto intacto por conservadores da Antarctic Heritage Trust no lugar mais frio, ventoso e seco da Terra: a Antártida.É quase como aquele bolo rei lá de casa que enfeita a mesa e tem que proeza de durar desde o Natal até à Páscoa. Esta sobremesa com mais de 100 anos foi encontrada numa cabana do Cabo Adare em “excelentes condições”, embalado em papel e pedaços de uma lata.
Os conservadores da Antarctic Heritage Trust explicaram que os bolos de fruta foram – e ainda são – um produto comum nas expedições da Antártida, precisamente por serem muito nutritivos e fornecerem muita energia.
Entre 1910 e 1913 teve lugar a expedição Terra Nova, comandada por Robert Falcon Scott, um explorador britânico. Scott estave à frente de um grupo de quatro homens que chegaram ao Pólo Sul em 1912 e que, muito provavelmente, levaram bolo, fabricado pela empresa Huntley & Palmers. O grupo acabou por morrer na viagem de regresso.
Desde maio de 2016 que a equipa da Nova Zelândia trabalha na conservação de artefactos do Cabo Adare, no laboratório do Museu de Canterbury.
Lizzie Meek, gerente do programa de artefactos, disse que estão a trabalhar para manter as várias cabanas históricas na área e que ficou muito surpreendida ao encontrar o bolo num estado que parecia comestível. “As condições são obviamente geladas durante a maior parte do ano, e isso preservou o bolo muito bem. Além disso, foi protegido pela lata. Enquanto que esta quase se desintegrou completamente, a atmosfera externa não chegava ao bolo para lhe fazer o mesmo”, explicou.
As cabanas foram construídas pela expedição norueguesa Carsten Borchgrevink em 1899 e depois utilizadas pelo grupo de Scott em 1911. Estes foram os primeiros edifícios na Antártida.
A equipa, que terminou o projeto em julho deste ano, conservou quase 1500 artefactos. “O bolo de fruta vai voltar para onde veio, para uma prateleira na cabana”, disse Lizzie Meek.