A possibilidade de William Carvalho rumar ao West Ham gerou uma onda de comentários habitual quando se falam de transferências com estes números. A maioria eram bons, alguns nem por isso, mas havia dois muito curiosos: o primeiro dizia que os hammers podiam encomendar as faixas de campeão esta temporada (exagerado, não?); o segundo gozava com o propalado interesse de vários clubes da Premier League no médio desde 2014, quando o internacional português fez uma temporada fantástica com Leonardo Jardim. “O West Ham é o 15.º clube da Premier League apontado a William Carvalho. Parece que finalmente vai haver acordo”, dizia.

Fomos fazer as contas, para ver como se chegava a esse número. Manchester United, Manchester City, Arsenal, Chelsea, Everton, Tottenham, Newcastle, West Bromwich Albion, Liverpool, Leicester, Southampton, Crystal Palace. Encontrámos notícias em órgãos de comunicação ingleses com 12, se juntarmos o West Ham 13. E porque é que isto acontece? Porque muitas vezes há tendência para misturar a observação de jogos, o referenciar do jogador e o real interesse na efetivação do negócio. Os londrinos avançaram mesmo com uma primeira proposta, foram subindo a parada e o negócio pode ficar fechado ainda antes do jogo com o Steaua caso aumentem a fasquia dos 30+5 milhões, valor pelo qual Slimani saiu no ano passado para o Leicester.

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Como tínhamos explicado no final da última temporada, a possibilidade de William Carvalho e/ou Adrien saírem esteve sempre em aberto, da mesma forma como Rúben Semedo, por exemplo, deveria ser vendido. E as contratações de Battaglia e Bruno Fernandes já foram pensadas para essas eventuais saídas. Gelson Martins? Só se alguém batesse a cláusula de rescisão. E ainda havia dois atletas imprescindíveis: Alan Ruíz e Bas Dost, uma dupla que carburou a sério na segunda volta da Primeira Liga e em quem Jesus aposta muito (o argentino sofreu uma lesão e ainda não se estreou oficialmente mas poderá em breve regressar à equipa).

Começou a pré-temporada e Jesus levou para o estágio no estrangeiro Petrovic, que esteve cedido ao Rio Ave na última época, e João Palhinha, que regressou em janeiro após empréstimo ao Moreirense. Mais do que os resultados, que valem pouco ou nada nessa fase, o técnico verde e branco percebeu que, em termos ofensivos, as características desses ‘6’ limitavam a primeira fase de construção da equipa. Battaglia foi aposta nessa posição. Teve uma resposta melhor, mas ainda assim insuficiente. Regressaram os internacionais, William Carvalho incluído. E o treinador percebeu que para dar rotinas à equipa com um novo meio-campo formado por Battaglia e Bruno Fernandes (ou Adrien), era preciso mais tempo. E o quadro original foi-se alterando.

Como não surgiam propostas por William, o treinador acreditou que ainda poderia contar, pelo menos, com o número 14 para a segunda mão do playoff da Champions. As sondagens não iam sendo traduzidas em investidas, o internacional foi titular na Vila das Aves, mas o West Ham de José Fonte apresentou uma primeira proposta e uma contra oferta depois de perceber que teria de elevar a fasquia. E as coisas começaram mesmo a ficar encaminhadas. Até onde, veremos. “É um bom jogador, está no nosso radar mas mais não posso dizer. Muitos clubes estiveram interessados nele nos últimos anos, é um jogador de top”, admitiu Bilic, treinador dos hammers.

No final da partida, Jorge Jesus abordou a ausência do médio e a possível saída do Sporting. “Estamos todos curiosos. O William é um jogador cobiçado pelo mercado. Tivemos alguns problemas na Vila das Aves: o Bas Dost, o William, o Adrien que esteve até ao último dia para eu decidir… Como também sabia que o William não pode jogar na Champions na terça-feira, tinha de dar jogo ao substituto, ao Battaglia, que fez um grande jogo. Tudo isto com mais os pormenores e a cobiça que há sobre o William…”, comentou na flash interview.

Confirmando-se os últimos números avançados, e tendo em conta que os ingleses terão ainda de aumentar um pouco mais a parada, William seria sempre a segunda maior venda de sempre do Sporting. Mas poderia mesmo, no limite, igualar o valor pago pelo Inter de Milão por João Mário (40 mihões, mais cinco de variáveis). Para Jesus, os números são outros. Conhecidos, mas a lutar contra o tempo: trabalhar Battaglia na posição ‘6’ para manter a capacidade de recuperação de bolas mas não perder critério na primeira fase de construção nem obrigar o ‘8’ (Bruno Fernandes ou Adrien) a recuar demasiado para transportar bola.