Sexta-feira foi um dia de folga para as pernas mas não para as emoções: Rui Sousa, o eterno Rui Sousa de 41 anos que conseguiu uma fantástica vitória em Fafe, anunciou que vai arrumar de vez as bicicletas e recandidatar-se à Junta de Freguesia de Barroselas e Carvoeiro, no concelho de Viana do Castelo. E foi um adeus sentido, que deu para perceber bem o destaque especial que o corredor da Rádio Popular Boavista tem no pelotão. Agora, à partida para a sétima etapa, Vidal Fitas, diretor desportivo do Sporting Tavira, deixava um aviso: “No rescaldo do descanso, pode traduzir-se numa etapa mais importante do que inicialmente previsto”.

Acabou por não ser e as mexidas entre os primeiros classificados foram mínimas. Mas que deu muito trabalho, lá isso deu. E que o diga Luís Afonso, que terminou numa imagem à Chris Froome a cortar a meta de bicicleta na mão debaixo de muitos aplausos do muito público que saiu esta tarde à rua.

António Barbio acabou por ser o mais feliz do dia. O corredor da Efapel, equipa que anunciou ontem a continuidade por mais três anos e que procurava a primeira vitória em etapa nesta Volta, foi um dos 14 fugitivos que deixaram o pelotão muito cedo, ganhando uma substancial vantagem sobre os restantes corredores. No entanto, o grupo acabou por não entender-se em termos de ambições e o jovem de 23 anos descolou , cumprindo os últimos 20 dos 161,9 quilómetros entre Lousada e Santo Tirso sozinho, para atingir a glória na chegada ao Santuário de Nossa Senhora da Assunção.

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“Ainda não caí em mim. Há dois anos que procurava mas nunca pensei que aparecesse na Volta a Portugal. Desta vez, a fuga funcionou e consegui ganhar. Nunca esperei ganhar uma chegada ao alto, mesmo vindo de uma fuga. Percebi que estava com alguma vantagem…”, começou por dizer Barbio, antes de interromper a flash interview à RTP pouco depois do final da etapa para ir dar um abraço ao companheiro Rafael Silva. “Devo tudo aos meus colegas porque querem que aprenda e a vitória é para eles”.

“É o recompensar do esforço da equipa desde o início. A partir do momento em que o pódio na geral individual era complicado, começámos a pensar em ganhar etapas e os ciclistas estão de parabéns por termos ganho. Segredo? Foi não termos ficado de braços cruzados depois da Senhora da Graça. Sabemos do potencial e da nossa vontade e as coisas teriam um dia de acontecer. O descanso foi favorável”, referiu o diretor da Efapel, Américo Silva.

Na frente, e a não ser alguns segundos ganhos e perdidos nas bonificações, tudo ficou na mesma, com Gustavo Veloso, Vicente de Mateos, Rinaldo Nocentini, Amaro Antunes e Raúl Alarcón a chegarem juntos. Este domingo, cumpre-se a oitava e antepenúltima etapa entre Gondomar e Oliveira de Azeméis, na distância de 159,8 quilómetros. É certo que todas as atenções estão já centradas na Torre, segunda-feira, mas é também uma etapa passível de poder mexer na classificação geral e que promete muitas movimentações táticas.

O top-10 da sétima etapa da Volta a Portugal em bicicleta foi o seguinte:
1.º António Barbio (Efapel), 4.06.01
2.º Gustavo Veloso (W52 FC Porto), a 1.07m
3.º Vicente de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé), m.t.
4.º Rinaldo Nocentini (Sporting Tavira), m.t.
5.º Raúl Alarcón (W52 FC Porto), m.t.
6.º João Benta (Rádio Popular Boavista), a 1.11m
7.º Amaro Antunes (W52 FC Porto), m.t.
8.º Marco Tizza (GM Europa Ovini), a 1.15m
9.º Davide Rebbellin (Cartucho.es), m.t.
10.º Krists Neilands (Israel Cycling Académy), m.t.

O top-10 da classificação geral ficou assim organizado após a sétima etapa:
1.º Raúl Alarcón (W52 FC Porto), 32.16.30
2.º Rinaldo Nocentini (Sporting Tavira), a 24s
3.º Vicente de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé), a 30s
4.º Gustavo Veloso (W52 FC Porto), a 33s
5.º Amaro Antunes (W52 FC Porto), a 34s
6.º João Benta (Rádio Popular Boavista), a 1.32m
7.º António Carvalho (W52 FC Porto), 1.50m
8.º Henrique Casimiro (Efapel), a 2.00m
9.º Sérgio Paulinho (Efapel), m.t.
10.º Alejandro Marque (Sporting Tavira), a 2.08m