O chapéu e os óculos escuros com que fez as mais de quatro horas de provas nos 50 km marcha por algumas das mais emblemáticas ruas de Londres não escondiam a emoção após cortar a linha de meta: aos 37 anos, Inês Henriques tinha conseguido o maior feito de sempre na carreira, ganhando a medalha de ouro nos Campeonatos do Mundo numa prova onde conseguiu também bater o seu próprio recorde mundial.

“Estava quase em casa, porque ouvia muitos, muito portugueses”, destacou na primeira reação após a conquista, verbalizando aquilo que tinha sido possível ver nas imagens com bandeiras portuguesas espalhadas perto de Buckingham Palace e recordando numa frase os últimos metros de prova, quando agarrou numa bandeira e levou na mão até cortar a meta e levantar bem alto o nome de Portugal.

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“Não consigo descrever em palavras aquilo que estou a sentir. Foi fantástico, um feito extraordinário! É a recompensa de 25 anos de trabalho, do meu treinador Jorge Miguel e da minha equipa de Rio Maior”, salientou a atleta do Clube de Natação de Rio Maior, antes de descrever também as dificuldades que os últimos quilómetros encerraram, ainda para mais correndo sozinha e com a chinesa Hang Yin já a dois minutos.

“Mais uma notável prestação de uma atleta portuguesa que eleva o nome de Portugal e projeta o atletismo e o desporto nacional”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, numa nota divulgada na Página da Presidência. “Ouro e recorde do mundo nos 50km marcha. Brilhante, Inês Henriques! Mais um motivo de orgulho para Portugal. Muitos Parabéns!”, tinha escrito também escrito o primeiro-ministro, António Costa.

“Os últimos quatro quilómetros foram muito duros, mas comecei a fazer contas. ‘Só tens de acabar tranquila’. Não podia fazer muito mais esforço em termos musculares, foi mesmo gerir até ao fim”, completou.

“Baixar das quatro horas nos 50 km marcha? Acredito que é possível, teremos de ver. Mas não vai ser fácil!”, atirou.

“Não sou nem nunca fui um talento. Sempre fui muito trabalhadora. Podemos não ser fantásticos, mas quando trabalhamos, conseguimos. Os meus pais sempre me deram a cana para eu aprender a pescar”, acrescentou depois à TSF, focando já atenções nos Jogos Olímpicos de 2020.