Um enfado. O que mais se viu esta noite em Tondela foi Ricardo a subir e cruzar, Telles a subir e cruzar, sempre os laterais a fazê-lo. À falta de um “cérebro” que (tal como aconteceu frente ao Estoril) pensasse o jogo, foi um vira o disco e toca o mesmo de cruza-cruza. Quase sempre sem destino — leia-se: um portista na área, um cabeceamento à baliza de Ramos, golos. O “cérebro” portista é Óliver.

É o espanhol, número dez estampado na camisola, quem recua até onde estiver a bola, quem a recebe e a faz circular, dribla, avança, dribla, pára quando é tempo de parar, remata, cria, pensa tudo.Os seus procuram-no esta noite. Era preciso ultrapassar um Tondela que cedo se recolheu a defesa e nunca ou quase nunca aspirou a mais do um empate. Mas procuram-no em vão; o “cérebro” falhou. Não rematou. Não criou qualquer ocasião de golo. E foi desarmado sempre que tentava fazê-lo.

Os portistas ressentiram-se da sua ausência e há pouco o que contar da primeira parte.

Como pelos cruzamentos a coisa não resultava, tentou Corona (21′) individualmente resolver.

Serpenteou vindo da direita, foi deixando adversários para trás, um, dois, três, sempre em velocidade, sempre com a bola colada na bota direita, entrou na área e rematou cruzando logo que avistou a baliza e não tinha mais a quem serpentear. Mas acertaria na rede lateral. Voltaria a ser Corona (37′) a tentar furar o bloco baixo do Tondela: o mexicano dribla à direita, ameaça que cruza de pé direito e não cruza, volta a trás e fá-lo depois de canhota, a bola não segue (como sempre até aqui) para ninguém do FC Porto, Hélder Tavares corta de cabeça, a bola sobra à entrada da área para Alex Telles, que remata de primeira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O remate é enroscado, frouxo, mas acabaria por ser uma assistência — pois termina nos pés de Aboubakar. À primeira Cláudio Ramos defende o remate do camaronês, mas defende para a frente e à segunda o ponta-de-lança dos portistas não perdoa e faz o primeiro golo da noite em Tondela. Fábio Veríssimo recorreu ao vídeoárbitro antes de validar o golo e este confirmou: Aboubakar não estava em fora-de-jogo.

O camaronês não “molhava a sopa” (é certo que andou pelo Besiktas na última temporada) com a azul-e-branca vestida há dezasseis meses.

Se a primeira parte foi um aborrecimento pegado, a segunda não seria tão melhor assim. Óliver tardava (seria substituído aos 69′) em mostrar-se, Aboubakar voltaria a tentar sozinho. Outra vez com “sorte” à mistura. Corona tentou furar (62′) em direção à área do Tondela, atrapalhou-se e não conseguiu. Sorte ou não, a verdade é que acabaria por assistir Aboubakar à entrada desta, o camaronês estava de costas para a baliza e com Ricardo Costa a roer-lhe os calcanhares, voltou-se, livrou-se de Costa e rematou, acertando em cheio no poste esquerdo.

Contra o Estoril, Aboubakar rematou nove vezes à baliza. Com o Tondela, duas. O primeiro dos remates deu em golo. E o FC Porto é líder.