Das mais de 400 mil reservas para o novo Model 3, houve 63 mil desistências. Isso afectará a marca de Palo Alto? Nem por isso! É um facto que o modelo 100% eléctrico mais barato da curta história da Tesla, do qual é previsto em breve estar a produzir 500 mil unidades por ano, contra as menos de 100 mil que anualmente produziu até aqui (incluindo os modelos S e X), é de longe o veículo mais importante para a casa liderada por Elon Musk.

Mas se este modelo promete levar a Tesla aos lucros, depois dos prejuízos que o construtor acumulou desde que iniciou o exercício, tal como seria de esperar, a verdade é que iniciou uma nova forma de encarar o negócio automóvel: colocar os clientes a financiar, pelo menos parcialmente, a produção dos novos modelos. Isto porque a Tesla exigiu 1.000 dólares a cada cliente, por cada encomenda do Model 3, o que lhe permitiu encaixar directamente mais de 400 milhões. Em condições que, digamos, batem qualquer recurso à banca.

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Mas debrucemo-nos agora sobre os valores em causa. Sempre se falou que o Model 3 teria mais de 400 mil encomendas, e Musk nunca quis esclarecer com exactidão a quantidade. Da mesma forma que se comentou o número de desistências, o que até é normal, face ao tempo de espera e às novidades que entretanto vão surgindo no mercado. Mas desta vez foram esclarecidos os valores, uns e outros.

Pela boca do próprio Elon Musk, tornou-se público que o Model 3 teve de lidar com 63 mil clientes que, depois de pagar os 1.000 dólares, decidiram desistir e pediram o dinheiro de volta. O que é mau. Mas, de caminho, soube-se que afinal o Model 3 teria 518 mil encomendas, o que menos as 63 mil, ainda deixaram 455 mil clientes ávidos pelo novo e acessível modelo, proposto nos EUA por 35.000 dólares na sua versão mais em conta. O que é bom.

Feitas as contas, isto dá 455 milhões de dólares de financiamento gratuito avançado pelos clientes, valor que ultrapassa as primeiras expectativas, mesmo as mais optimistas. O que é manifestamente bom. E algo nunca visto em marcas de automóveis, que tradicionalmente se vêem obrigadas a recorrer aos accionistas, ou aos bancos, para se financiarem. Mas a Tesla inovou, até neste capítulo.