A Associação de Apoio a Albinos de Moçambique (ALBIMOZ) informou nesta sexta-feira que acolheu três pessoas portadoras de albinismo em Maputo expulsas pelas suas famílias, no primeiro trimestre, acusadas de “trazerem azar”. Falando durante a cerimónia de distribuição de protetores solares a mais de 20 crianças albinas na província de Maputo, o presidente da ALBIMOZ, Wiliam Savanguane, apontou aqueles casos de expulsão como exemplo da prevalência de situações de discriminação de pessoas portadoras de albinismo em Moçambique.

“Alguns alegam que viver com albinos atrai azar, outros ainda dizem que ter um albino em casa traz muitas despesas financeiras “afirmou William Savangane, aludindo aos custos de medicamentos relacionados com doenças de pele que afetam aquela camada populacional. Para acolher as três pessoas albinas expulsas das suas residências, a ALBIMOZ teve de arrendar casas para as vítimas por forma a viverem em locais separados e evitar que se tornassem alvos de raptos.

“Nós tivemos que alugar casas para eles viverem, visto que não se pode aglomerar albinos numa casa, tendo em conta que atravessamos um momento crítico de rapto e assassinato de albinos, pelo que optamos em dispersá-los”, acrescentou. Entre 2015 e 2016, várias pessoas portadoras de albinismo foram raptadas e mortas, principalmente no norte de Moçambique, em casos relacionadas com crenças supersticiosas. Segundo relatos das autoridades, com base em testemunhos de pessoas detidas em conexão com esses crimes, partes de corpos de albinos mortos são usadas por curandeiros em rituais feitos em “clientes” que pretendem ficar ricos.

A Associação de Apoio a Albinos de Moçambique foi fundada em 2014, contando atualmente com 2.000 membros, e a sua principal atuação assenta em campanhas de combate à discriminação contra albinos e na melhoria das condições de vida do grupo, nomeadamente ações de luta contra o cancro da pele.

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