O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, disse este sábado que o regresso da prioridade para investimentos em obras públicas, abordada por António Costa em entrevista ao Expresso, preocupa o partido e é um regresso ao “socratismo”.
“A periodização das obras públicas como fator de competitividade do país é algo que deixa o PSD manifestamente preocupado. O país estava afinado contra a prioridade das obras públicas. Este é o regresso ao ‘socratismo’ e esta é a grande novidade e única da entrevista”, disse Hugo Soares à agência Lusa.
“Anunciar obras públicas como prioridade para o país é voltar aos tempos do engenheiro Sócrates e nós isso não queremos e creio que o país também não quer”, frisou.
O primeiro-ministro espera que, após as eleições autárquicas, se abra “uma segunda parte da legislatura”, para a qual é “fundamental” um acordo com o PSD para investimentos em obras públicas, disse hoje ao jornal Expresso.
A grande prioridade para a ‘rentrée’ é a definição da “estratégia nacional para o Portugal pós-2020”, incluindo um novo acordo com a União Europeia para fundos comunitários. O grande objetivo é que o “programa dos grandes investimentos em obras públicas seja aprovado por dois terços na Assembleia da República”, afirmou António Costa.
Costa confiante em “novo ciclo” pós-autárquicas e desafia PSD para pacto sobre investimento
Hugo Soares destacou outra frase de António Costa, na qual o primeiro-ministro diz que vive cada dia como um dia no que diz respeito à governação, considerando-a “manifestamente redutora, porque manifesta uma total visão de falta de estratégia para o país, uma ausência total de uma ideia do país e daquilo que é preciso fazer do ponto de vista estrutural”.
Sobre o repto lançado para um possível acordo com o PSD para investimentos em obras públicas, o líder parlamentar do partido da oposição diz que é “conversa fiada”, ressalvando que António Costa “não concretiza para que quer os consensos”.
“Não há uma ideia de país que perpasse desta entrevista. Há a necessidade de sobreviver ao dia a dia, e isso significa que o primeiro-ministro não tem visão estratégia para o país. O PSD nunca se negou a sentar com o PS”, acrescentou.
E Hugo Soares deixou um desafio ao primeiro-ministro: “que se empenhasse em executar o atual quadro” de apoios comunitários. “Era importante que os milhões de euros que deviam estar a chegar às empresas da execução do atual quadro não estão a chegar por incompetência do Governo”, disse.