O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, estiveram esta manhã a participar na missa em homenagem às vítimas dos ataques em Barcelona e Cambrils, na basílica da Sagrada Família, em Barcelona. No fim, decidiram “ir tomar um café e passear nas Ramblas” antes de prestarem homenagem às vítimas, para mostrar que “o terrorismo não derrotou” o modo de vida ocidental, explicou António Costa em declarações aos jornalistas.

Marcelo, por seu turno, descreveu a celebração da manhã como “muito comovedora e muito impressionante” e elogiou as palavras do cardeal arcebispo de Barcelona sobre “a unidade em torno da paz”. O Presidente da República disse também que esteve com a família das duas vítimas portuguesas. “Encontrei-os fortes. Costumamos dizer que nós portugueses somos fortes no infortúnio e assim estavam eles“, descreveu Marcelo, sublinhando que ficou impressionado pela resiliência da família.

Marido e mulher, que tendo perdido a única filha e ele perdido a sua mãe, num momento especial de celebração do aniversário da mãe, estavam com uma grande força”, afirmou o chefe de Estado.

O Presidente da República aproveitou para destacar a “fraternidade” entre Portugal e Espanha, considerando que o país vizinho “tem sido inexcedível e não apenas na presença no combate aos incêndios em Portugal”. Por isso, e mesmo não se tratando de uma cerimónia oficial, “esta fraternidade tinha de ser traduzida” na presença do chefe de Estado e do chefe do Governo.

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Já António Costa preferiu destacar a continuidade do “cosmopolitismo” da cidade de Barcelona, sublinhando que “o terrorismo afeta sempre todo o mundo, é uma ameaça global” e enfatizando o simbolismo de ter ido passear e tomar um café com Marcelo Rebelo de Sousa nas Ramblas. O primeiro-ministro aproveitou ainda para confirmar que, se tudo correr de acordo com o previsto, os corpos das duas vítimas portuguesas serão trasladados na segunda-feira, num avião da Força Aérea Portuguesa.

Questionado sobre a necessidade de aumentar o nível das medidas de segurança em Portugal, António Costa disse que há municípios que já estão a implementar novas medidas, como a colocação de barreiras amovíveis que impossibilitem a circulação de veículos em zonas pedonais e turísticas, mas lembrou o grande incêndio do Chiado, em 1988, em que esses obstáculos impediram o socorro das vítimas, para destacar que essas barreiras não devem ser definitivas e que a sua colocação deve ser bem equacionada.

O primeiro-ministro aproveitou ainda para defender a lei recentemente promulgada que permite o acesso dos serviços de informação (SIS e SIED) aos dados das comunicações — os metadados. O projeto, defendido pelo Governo, teve forte oposição do Bloco de Esquerda, do PCP e do PEV, que votaram contra, mas acabou por ser aprovado por PS, PSD e CDS. Esta medida permite que os serviços de informação, sob supervisão do Supremo Tribunal de Justiça, tenham acesso a dados como listas de telecomunicações, identificação dos intervenientes, localização e duração das chamadas, com exceção do conteúdo das comunicações.