Morreu o ator e humorista norte-americano Jerry Lewis. Tinha 91 anos e morreu em casa, em Las Vegas, este domingo de manhã pelas 9h15. A notícia foi confirmada pelo seu agente, de acordo a Variety, tendo sido inicialmente avançada por um colunista do Las Vegas Review-Journal. Ator, realizador, argumentista, produtor, era um símbolo da comédia nos EUA, tendo chegado a ser considerado uma das estrelas mais rentáveis de Hollywood — sobretudo na década de 50, quando fazia dupla com Dean Martin.
Sofria de problemas cardíacos há vários anos, tendo sofrido um ataque cardíaco grave em 1982. De acordo com a agência de notícias Reuters, que cita um comunicado da família de Lewis, o ator morreu de “causas naturais”.
A velha parceria com Dean Martin, que começou na década de 40 e saltou para o grande ecrã precisamente em 1949 com o filme “A Minha Amiga Irma”, valeu-lhe uma década de sucesso, protagonizando 16 filmes em conjunto que foram êxitos de bilheteira. Mas não se ficou por aí. Estreou-se a solo com The Delicate Delinquent (O Delinquente Delicado), em 1957, e chegou a protagonizar vários filmes num mesmo ano. Até ao início da década de 70 pode dizer-se que foi imparável.
Era “O Rei da Comédia” (filme de Martin Scorsese que protagonizou, com Robert De Niro, em 1982), tendo ficado também conhecido pelas campanhas televisivas de angariação de fundos dedicadas à distrofia muscular, que realizava anualmente e com as quais conseguiu arrecadar mais de mil milhões de dólares de 1966 a 2010.
Ocupava o lugar de presidente da Associação norte-americana de Distrofia Muscular desde a década de 50 e era para ajudar aquela associação — e os seus doentes — que todos os anos, no Dia do Trabalhador, apresentava uma maratona televisiva de angariação de fundos. Fê-lo durante 44 anos, tendo a última vez sido em 2011, aos 85 anos. “O importante é que o faço, não é como o faço”, disse uma vez ao The Times, sobre o seu trabalho de filantropo.
No leque de filmes em que participou, como ator ou argumentista, e que ficaram na história do cinema, contam-se filmes como The Bellboy (Jerry no Grande Hotel), The Nutty Professor ou, mais recentemente Polícias Corruptos. Apreciado pelas massas, o trabalho de Jerry Lewis era também agraciado pelas elites nos mais conceituados círculos de cinema: recebeu o grau de Comendador da Legião de Honra, a mais alta condecoração da França, aos 80 anos, e foi identificado pela revista “Cahiers du Cinema”, como um visionário.
Antes dos filmes, contudo, a dupla Martin e Lewis era conhecida na década de 40 pelos espetáculos ao vivo que dava nos clubes de comédia americanos, que eram autênticos “pandemónios”, com coreografias, canções, piadas, e muita interação com o público. “Estou no ramo da comédia há 55 anos e nunca vi uma atuação que conseguisse mais gargalhadas do que as atuações de Martin e Lewis”, disse certa vez o comediante Alan King, citado pelo Los Angeles Times. “Eles não faziam só rir — era um pandemónio”, dizia.
Numa recente entrevista à Reuters, Lewis disse que a chave do seu sucesso era manter-se criança. “Eu vejo o mundo pelos olhos de uma criança de nove anos”, disse, em 2002. “Fiquei com nove anos, e fiz uma carreira a partir daí. É um lugar maravilhoso para se estar”, disse. Mas acrescentou: “Tive sucesso a ser um autêntico idiota”.
Nascido a 16 de março de 1926 em Newark, no estado norte-americano de New Jersey, Jerry Lewis morreu este domingo aos 91 anos.