Ainda se recorda da primeira jornada do Campeonato? O FC Porto goleou o Estoril no dia em que Marega rendeu o lesionado Soares e bisou. Então e Aboubakar? Pois é, foi aquele jogo em que nada lhe correu bem quando chegou a altura de finalizar, mas nem por isso deixou de destacar-se: bateu o recorde de remates de um jogador na última Liga (oito), com nove disparos de pólvora seca que mereciam pelo menos um golo pelo trabalho feito.

Aboubakar, a solução que também pode ser um problema a 22 dias do fecho do mercado

No entanto, um dia não são dias e, como costumam dizer os treinadores, tão importante como fazer golos é estar no sítio certo para ter essa possibilidade. E o camaronês continuou a estar, em Tondela e agora frente ao Moreirense. Contas feitas, carimbou duas vitórias, marcou quatro golos e vale “metade” da conta do FC Porto. Mas fez mais, muito mais: rubricou o bis mais rápido da carreira e no Dragão (em três minutos, como Dost e Jonas na véspera), apontou o segundo hat-trick nos seniores (tinha marcado um frente ao Valenciennes na Taça, quando estava no Lorient) e, como também reforça o Playmakerstats, melhorou o registo alcançado no arranque de 2015/16.

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Em paralelo, a forma como o camaronês (que continua ainda com o seu futuro por resolver, como explicámos há duas semanas) conseguiu materializar o enorme caudal ofensivo dos azuis e brancos acabou por colocar outro registo histórico nesta Primeira Liga: foi apenas a quarta vez que os três ‘grandes’ conseguiram vencer os primeiros três encontros do Campeonato. Ora então vejamos esses registos históricos:

1983/84
FC Porto: Salgueiros (casa, 1-0), Águeda (2-0, fora) e Sp. Espinho (4-0, casa)
Sporting: Penafiel (casa, 5-1), Varzim (1-0, fora), Boavista (3-2, casa)
Benfica: V. Setúbal (fora, 3-2), Rio Ave (1-0, casa) e Estoril (fora, 4-1)

1990/91
Sporting:
V. Guimarães (3-0, casa), Penafiel (5-2, fora) e Salgueiros (5-1, casa)
Benfica: Gil Vicente (3-0, casa), V. Guimarães (2-0, fora) e Penafiel (2-0, casa)
FC Porto: Penafiel (2-0, casa), Salgueiros (3-1, fora) e Boavista (3-1, casa)

1994/95
FC Porto: Sp. Braga (2-0, casa), Beira-Mar (2-0, fora) e U. Madeira (3-0, casa)
Sporting: Farense (2-0, fora), Belenenses (2-1, casa) e E. Amadora (2-0, fora)
Benfica: Beira-Mar (2-0, casa), U. Madeira (2-0, fora) e V. Setúbal (1-0, casa)

2017/18
Benfica: Sp. Braga (3-1, casa), Desp. Chaves (1-0, fora) e Belenenses (5-0, casa)
FC Porto: Estoril (4-0, casa), Tondela (1-0, fora) e Moreirense (3-0, casa)
Sporting: Desp. Aves (2-0, fora), V. Setúbal (1-0, casa) e V. Guimarães (5-0, fora)

E no final do jogo, Manuel Machado, treinador do Moreirense e velho conhecedor da Primeira Liga, não deixou passar ao lado esta tendência, pedindo mesmo a ação do Governo para travar este desequilíbrio (sendo que o Rio Ave também soma três vitórias nas primeiras três jornadas do Campeonato).

O presidente da Federação, o presidente da Liga e o secretário de Estado e do Desporto têm que refletir. O futebol é o negócio do século, diz-se por aí. Os montantes que circulam hoje ao nível do futebol fazem com que seja uma atividade importante e a contribuição para os impostos é significativa. O que se passou ontem [sábado] no D. Afonso Henriques e na Luz, e o que se passou há duas semanas aqui, no Dragão, vai-se ver ao longo da temporada. É um tipo de resultado que não interessa à modalidade. Ou promovemos o equilíbrio ou então esta desigualdade acaba com o negócio, a curto ou médio prazo. Isto não tem interesse nenhum: tirando os três grandes clubes, são todos carne para canhão