A ex-procuradora geral da Venezuela, Luísa Ortega Díaz, anunciou esta terça-feira que deixou a Colômbia, onde se encontrava sob proteção do Governo do Presidente Juan Manuel Santos, em direção ao Brasil, para participar numa reunião de procuradores do Mercosul.

“Na minha condição de procuradora-geral da Venezuela, participo, nesta quarta-feira, na reunião de procuradores do Mercosul, a celebrar-se no Brasil”, explicou Luísa Ortega Díaz.

Num comunicado, divulgado através da Internet, a procuradora explica que no Brasil “ratificará perante o mundo a denúncia sobre a rutura do fio constitucional” na Venezuela e “a instauração da ditadura auspiciada desde a fraudulenta e inconstitucional Assembleia Constituinte (AC)”.

“Os venezuelanos hoje são perseguidos, presos por pensarem diferente do regime do ditador Nicolás Maduro e a cúpula corrupta que o rodeia. Este evento vai-me permitir mostrar ao mundo as provas que incriminam Nicolás Maduro e o seu grupo em graves factos de corrupção”, acusou.

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No comunicado, a ex-procuradora “reitera aos venezuelanos” o seu “compromisso para alcançar a paz na Venezuela e o regresso das liberdades hoje espezinhadas pela ditadura”.

“Peço a todos para que não abandonem a Venezuela”, disse.

O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou segunda-feira que a ex-procuradora geral da Venezuela, Luísa Ortega Díaz, se encontrava sob proteção do Governo colombiano e que estava na disposição de lhe facultar asilo político, se ela o pedisse.

O anúncio teve lugar depois de as autoridades colombianas confirmarem que a ex-procuradora chegou a Bogotá na passada sexta-feira, acompanhada pelo marido e ex-deputado chavista, Germán Ferrer, provenientes de Aruba onde chegaram numa pequena embarcação, proveniente da costa venezuelana.

A 17 de agosto, o novo Procurador-geral da Venezuela acusou Luísa Ortega Díaz de conspirar contra o Governo e de ser a “autora intelectual” da situação de violência que desde abril provocou mais de 121 mortos no país.

Segundo Tarek William Saab, a ex-procuradora questionou a autoridade do Supremo Tribunal de Justiça e a eleição da Assembleia Constituinte, feita pelo Presidente Nicolás Maduro, o que originou um clima de violência no país que causou mais de uma centena de mortos, feridos e grandes perdas materiais.

A acusação teve lugar um dia depois de funcionários dos serviços secretos terem efetuado uma rusga na residência da ex-procuradora-geral e a Assembleia Constituinte ter pedido a detenção do marido, Germán Ferrer, por alegada corrupção.

Conhecida atualmente como “a procuradora rebelde”, Luísa Ortega Díaz foi designada pelo “chavismo” [numa referência ao regime de Hugo Chavez, Presidente do país de 1999 até à sua morte em 2013] como Procuradora-geral da Venezuela, durante dois mandados consecutivos.

Em março deste ano, Ortega Diaz denunciou como ilegais duas sentenças do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Uma que limitava a imunidade parlamentar e a segunda em que o STJ assumia as funções do parlamento, no qual a oposição detém a maioria desde as eleições de janeiro de 2016.

A ex-procuradora-geral denunciou também a nomeação irregular de alguns dos magistrados do STJ pelo “chavismo” e acusou Maduro de convocar a eleição de uma Assembleia Constituinte para instaurar um regime totalitário no país.