O comandante das tropas norte-americanas no Médio Oriente disse esta terça-feira que o novo contingente militar norte-americano deve chegar ao Afeganistão “muito em breve”. Joseph Votel está na Arábia Saudita e, aos jornalistas que o acompanham, precisou que o reforço de tropas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira, deveria aterrar no país “em poucos dias ou poucas semanas”.

A guerra no Afeganistão é mais longa da história dos Estados Unidos: dura há quase 16 anos. Ao contrário daquilo que tinha dito durante a campanha para a Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump acabou por optar por dar continuidade à campanha dos norte-americanos num país extremamente dividido, onde os ataques terroristas se sucedem e as várias fações em jogo são praticamente impossíveis de isolar.

Através do Twitter, em 2013, Trump disse que os Estados Unidos deveriam sair do país: “As nossas tropas estão a ser mortas pelos afegãos que treinamos e gastamos biliões lá. Não faz sentido! Vamos reconstruir os Estados Unidos”, escreveu na altura.

Segundo o diário britânico The Telegraph, espera-se que pelo menos mais 4.000 homens sejam enviados para o Afeganistão e Donald Trump já pediu aos aliados, com particular enfoque no Reino Unido, que lhe sigam o exemplo. Mas os britânicos ainda não se comprometeram com qualquer número.

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No seu discurso para as tropas norte-americanas na segunda-feira, Donald Trump deixou bem claros os seus objetivos. “Não vamos para lá para construir um país, vamos lá para matar terroristas”.

Desde a tomada de posse como presidente, Trump disse ter chegado à conclusão de que essa retirada que um dia defendeu poderia criar “um vazio” que os terroristas, incluindo a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, iriam “preencher instantaneamente”.

“Os inimigos da América nunca devem conhecer os nossos planos, ou acreditar que são capazes de nos cercar. Eu não digo quando vamos atacar, mas vamos atacar“, disse Trump.

As reações do lado do Afeganistão foram quase imediatas. O porta-voz dos talibãs, um dos grupos terroristas presentes no país, Zabiullah Mujahid, acredita que o Afeganistão se vai tornar um “cemitério” para as tropas norte-americanas se o presidente Donald Trump avançar com as promessas proferidas esta segunda-feira de enviar mais tropas para a região. Para Mujahid, essa estratégia não é “nada de novo”.

Os Estados Unidos ainda mantêm cerca de 8.400 militares no Afeganistão, sendo que em 2010 e 2011 chegaram a ter na região cerca de 100 mil militares (a contar com 5.000 enviados de países da NATO). Estas tropas ajudaram o exército afegão na guerra frente aos talibãs e outros grupos armados.

Um comandante talibã disse à AFP que Trump está a imitar “o comportamento arrogante” de anteriores presidentes, como George Bush. “Ele só está a desperdiçar soldados americanos. Nós sabemos como defender o nosso país. Não vai mudar nada”, disse.