A Marinha norte-americana contabiliza quatro incidentes com contratorpedeiros na região asiática desde janeiro, já tendo em conta a colisão do USS John S. McCain com um navio petroleiro na madrugada de segunda-feira que resultou no desaparecimento de dez marinheiros. Este número invulgar de incidentes levou ao afastamento do comandante da 7ª Frota (responsável pelas operações naquela região) e obriga a Marinha a considerar a possibilidade de ciberataque aos sistemas de GPS.

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Alguns especialistas acreditam que orquestrar um feito tão complicado através de um ataque informático é uma opção “pouco provável”, dado o forte sistema de segurança da Marinha norte-americana e “a logística necessária para conseguir fazer colidir dois navios”. Contudo, admitem à AFP que tratar-se de um erro humano e coincidência é igualmente pouco provável.

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Em junho, o USS Fitzgerald colidiu com um cargueiro filipino ao largo da costa do Japão. O acidente resultou na morte de sete marinheiros e na abertura de vários processos disciplinares contra chefias a bordo.

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Mas desde o início do ano a Marinha já deu conta de outros dois incidentes: em janeiro, o USS Antietam encalhou perto da sua base, no Japão; e em maio, o USS Lake Champlain colidiu com um navio pesqueiro sul-coreano. Nenhum destes acidentes vitimou ou feriu quaisquer soldados.

O chefe de Operações Navais Norte-Americanas, o almirante John Richardson, admitiu na segunda-feira que “não descartava” qualquer tipo de interferência externa ou ataque informático como sendo a causa da colisão do USS John S. McCain: “Estamos a avaliar cada possibilidade, tal como fizemos com o [USS] Fitzgerald”.

A mesma tomada de posição foi adotada pelo almirante Scott Swift, comandante da Frota Norte-Americana do Pacífico, que garantiu que todas as opções “estão em cima da mesa”.

Vários oficiais e veteranos da Marinha foram ouvidos em diversos meios de comunicação e parecem dividir-se na questão.

Uns acreditam que os navios norte-americanos têm dificuldade em gerir tantas operações numa região por si só tensa, em águas tão movimentadas como as do Mar do Sul do China. Mas há quem esteja convicto de que se tenha tratado de um caso de interferência informática, como Itar Glick, líder da Votiro, uma empresa de cibersegurança israelita, que à AFP garantiu que “o espaçamento temporal entre incidentes sugere que os sistemas de navegação foram postos em causa por hackers”.

Eu acho que possa ser obra de hackers, e se forem financiados por algum governo terão acesso aos recursos necessários para o fazer”, disse Glick.

Glick, que serviu nos Serviços Secretos israelitas, acrescentou ainda que possa ter sido levado a cabo por hackers chineses ou norte-coreanos, se tivermos em conta que os navios afetados, para além dos americanos, são de nacionalidade japonesa, sul-coreana e filipina, países que reivindicam soberania sobre certas zonas do Mar do Sul da China, uma das mais acesas discussões diplomáticas da região.

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