Um estudo publicado pelo norte-americano Automotive News antecipa que 75 dos 100 maiores fornecedores mundiais da indústria automóvel arriscam tornar-se irrelevantes, e até a desaparecer, caso não dediquem, até 2030, pelo menos parte da sua atenção ao veículo eléctrico.

Tomando como ponto de partida a pergunta “Quantos fabricantes deixará a mudança pelo caminho?”, o estudo em questão, liderado pelo ex-vice-presidente para a Estratégia da Magna Powertrain e Magna Electronics, conclui ainda que, por volta dessa mesma data (2030), 57% dos veículos produzidos anualmente em todo o mundo serão eléctricos, híbridos plug-in ou equipados com sistemas eléctricos de apoio de 48V. Situação que conduzirá à criação de um novo mercado no valor de 180 mil milhões de euros, centrado nas baterias, motores e electrónica necessários para que os sistemas de propulsão eléctricos, híbridos e semi-híbridos funcionem.

Muitos dos CEO estão tão concentrados nos resultados financeiros do presente trimestre que simplesmente não se dão conta do futuro”, afirma o consultor que assina o estudo, Paul Eichenberg. Recordando que “a electrificação do automóvel está a acontecer de forma bem mais rápida do que muitos dos analistas previam”.

A publicação realça que são já muitos os que acreditam que a electrificação surgirá, mas de mãos dadas com os veículos autónomos, com ambas a anunciarem profundas mudanças no paradigma da mobilidade. Desde logo, devido às tecnologias que, por exemplo, os veículos autónomos requerem e que, claramente, aumentam o consumo de energia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As imposições relativamente às emissões, em mercados como a Europa ou a China, deverão contribuir igualmente para a afirmação da mobilidade eléctrica. Com o estudo a lembrar que, em 2020, a norma Euro 6 imposta pela União Europeia obrigará os fabricantes a respeitarem uma média de consumo na ordem dos 4,13 l/100 km, ao passo que, em 2030, esta poderá mesmo cair para os 3,22 l/100 km.

Entretanto, soluções como a tecnologia semi-híbrida, composta de sistemas eléctricos de 48V, Stop&Start e sistemas de regeneração de energia começam progressivamente a assumir-se como o caminho mais rápido rumo à electrificação. Garantindo uma redução para metade nas emissões de CO2 dos híbridos, mediante uma pequena subida no preço final do veículo, a qual poderá variar entre os 600 e os 1.200€, com apenas 30% do custo.

Ainda de acordo com o estudo coordenado por Eichenberg, será entre 2025 e 2030, altura em que os eléctricos e híbridos plug-in alcançarão o estatuto de veículos de massas, que a questão da mobilidade eléctrica atingirá em cheio os actuais fornecedores de componentes automóveis. Desde logo porque, não estando devidamente preparados, poder-se-ão ver substituídos por gigantes da electrónica como a LG Electronics, a Toshiba, a Bosch ou a Panasonic, no fornecimento da tecnologia de ponta que não possuem. Os quais, por seu lado, aproveitarão certamente as respectivas economias de escala para reduzir os custos de produção.

Simultaneamente, as marcas passarão a ter de ir bater à porta de fabricantes de baterias como LG Chem, a Panasonic ou a Samsung. Dispensando o fornecimento de componentes tradicionais que, hoje em dia, são necessários ou quase imprescindíveis no fabrico do automóvel.

Honda e Hitachi vão fazer motores eléctricos

Basta recordar os mais cépticos que a Honda, por exemplo, anunciou uma joint-venture com uma subsidiária da Hitachi, para produção de motores eléctricos. Ou que grupos como a General Motors estão já a trabalhar com parceiros como a LG Electronics e LG Chem, visando a produção de componentes mais tecnológicos, em detrimento do recurso a parceiros mais tradicionais.