O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, estará a preparar uma proposta para permitir que os países do sul da Europa possam ter financiamento do fundo de resgate do euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), para aumentarem o seu investimento durante períodos de recessão, de acordo com a imprensa alemã. Em troca, o MEE passaria a ter poder sobre os orçamentos nacionais e o nível de dívida pública destes países.

Wolfgang Schäuble sempre foi o maior opositor de transferências orçamentais dos países mais ricos para os mais pobres da União Europeia, e fez valer a sua posição (e o seu poder) em várias ocasiões na UE, em especial no caso grego.

No entanto, há muito que o ministro das Finanças da Alemanha também tem vindo a pedir maior controlo e poder de veto sobre os orçamentais nacionais dentro da União Europeia, em especial dos países do sul da Europa.

De acordo com o jornal alemão Bild, Wolfgang Schäuble estará a preparar uma forma de agradar ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que tem pedido maior integração dentro da União Europeia, abrindo a porta a estas transferências naqueles períodos em que estas economias apresentem maiores dificuldades, e ao mesmo tempo impondo o maior controlo que advoga há muito.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A proposta, que não foi confirmada pelo Ministério das Finanças alemão e só deverá ser apresentada depois das eleições alemãs, que decorrem no final de setembro, daria poderes ao fundo de resgate do euro à semelhança dos que o Fundo Monetário Internacional tem sobre os países aos quais empresta dinheiro.

A Comissão Europeia fez uma proposta para maior integração na zona euro que contempla algumas destas hipóteses, como a possibilidade de criar dívida europeia e um maior controlo dos orçamentos nacionais que, no futuro, levaria à institucionalização do Eurogrupo e à criação de uma espécie de czar das Finanças na União Europeia.

No entanto, a proposta que está para discussão, e que contempla vários cenários, ainda não conta com as posições dos governos nacionais sobre que caminhos deverão ser seguidos.

Jean-Claude Juncker deverá pronunciar-se sobre o futuro da integração económica na zona euro em meados de setembro, no seu discurso sobre o Estado da União que fará no Parlamento Europeu.