O presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, deu uma entrevista ao Financial Times onde criticou a atuação de Mariano Rajoy a propósito dos atentados de Barcelona e onde voltou a reforçar a sua garantia de que o referendo à independência da Catalunha, agendado para 1 de outubro, irá mesmo para a frente. Esta é uma guinada substancial depois de, após os atentados de Barcelona, Carles Puigdemont se ter abstido de comentários negativos em relação ao Governo central.

“Pedimos-lhes que não usassem a segurança para fins políticos”, disse Carles Puigdemont, em referência à decisão do executivo de Mariano Rajoy não ter permitido, ainda antes dos atentados, que fossem abertas 500 vagas para as forças de autoridade na Catalunha, os Mossos d’Esquadra. Além disso, o Governo também não permitiu que as autoridades catalãs tivessem acesso direto à base dados da Europol. “Infelizmente, o Governo espanhol tem outras prioridades”, disse ao Financial Times.

“A polícia catalã, mesmo sem ter todas as ferramentas de que necessitam e com pouco financiamento, conseguiu gerir a crise de uma forma excecional”, afirmou também o presidente da Generalitat.

A entrevista foi publicada este sábado, o que coincide com a manifestação de repúdio ao terrorismo que acontece no mesmo dia em Barcelona, com a participação das autoridades regionais, de Mariano Rajoy e do rei Filipe VI. Esta é a primeira manifestação e que o rei participa depois de ter assumido o trono espanhol, em 2014.

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Catalunha já tem mais de 6 mil urnas para referendo à revelia de Madrid

A questão do referendo à independência da Catalunha também foi tema na entrevista com o Financial Times. A votação, que Madrid considera inconstitucional e que é feita à sua revelia, está agendada para 1 de outubro. Sobre o processo preparatório do plebiscito, Carles Puigdemont referiu que o governo regional da Catalunha já tem “mais de seis mil urnas” preparadas para aquele dia.

Sobre o facto de o referendo ser feito em desacordo com o governo central e sem a aprovação dos partidos representados no Congresso dos Deputados, em Madrid, Carles Puigdemont disse: “Não quero ir para a prisão, mas não há nada que me possam fazer para para este referendo”. Ainda assim, voltou a insistir que não quer “virar as costas a Espanha”. “É precisamente o contrário. Estamos convencidos de que a relação entre iguais irá melhorar a nossa relação.”

Carles Puigdemont rejeitou também a possibilidade de os atentados terroristas de Barcelona poderem atrapalhar, ou até adiar, a realização do referendo de 1 de outubro. “Voltar à normalidade é derrotar os terroristas”, disse.