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Psicólogos tentam explicar mente dos atacantes. "Os terroristas não são psicopatas"

Este artigo tem mais de 5 anos

Apesar de serem objeto de lavagens cerebrais que os impelem a cometer atos terroristas, especialistas em psicologia acreditam que os autores dos atentados não são psicopatas.

Antes de atacarem Cambrils, perto de Barcelona, os cinco terroristas pararam quatro vezes em postos de gasolina
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Antes de atacarem Cambrils, perto de Barcelona, os cinco terroristas pararam quatro vezes em postos de gasolina

Antes de atacarem Cambrils, perto de Barcelona, os cinco terroristas pararam quatro vezes em postos de gasolina

Uma semana depois dos atentados que vitimaram 15 pessoas em Barcelona, centenas de milhares de pessoas manifestam-se este sábado por todo o país para homenagearem as vítimas sob o lema “não tenho medo”. Enquanto cumprem o luto, os espanhóis tentam descodificar as motivações e o comportamento dos terroristas, sem esquecerem um vídeo que tem tanto de paradoxal como de chocante: as últimas imagens dos jihadistas a fazerem tranquilamente compras numa estação de serviço a escassas horas dos atentados.

É o objetivo da vida deles e estão prestes a cumpri-lo. Para eles é como uma festa. Às vezes passam um ano a preparar algo que consideram muito importante. Eles não estão relaxados, estão ativos”, explica Ángel Gómez, professor de Psicologia Social na ONU ao jornal espanhol El País. “Têm uma ligação visceral com seu grupo. Consideram que o grupo a que pertencem não é apenas composto pelos que participam diretamente no ataque, mas também pelas pessoas do Estado Islâmico que estão na Síria e que nunca viram. Essa é a sua família, o que os faz sentir invulneráveis e protegidos”, sustenta.

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“Quando vemos uma imagem destas, ela choca-nos. Parece incongruente”, nota Luis de la Corte, doutorado em psicologia e diretor de estudos estratégicos e de inteligência no Instituto de Ciências Forenses e Segurança em Madrid, ao mesmo El País. A calma aparente dos terroristas, enquanto compram comida e trocam aparentemente piadas, parece indicar que este grupo de jovens — com idades compreendidas entre os 17 e os 24 anos — não tem consciência da consequência dos atos que se preparam para cometer. No entanto, defende Luis de la Corte, os terroristas são, em muitos aspetos, “pessoas ditas normais”.

“Os terroristas são diferentes da maioria das pessoas devido à sua propensão para cometer ataques particularmente cruéis, mas em muitas outras facetas da sua psicologia são pessoas ditas normais. Quando se juntam a um projeto terrorista, por mais monstruoso que pareça, é um projeto emocionante. Uma ilusão que eles pensam que é justificada e que terá uma recompensa”, defende.

Miguel Perlado, membro Colégio Oficial de Psicólogos da Catalunha, outro dos especialistas ouvidos pelo jornal espanhol, reforça esta convicção. “Eles acreditam ser diferentes, escolhidos, como alguém que está num nível mais alto. Até pensam que são um espécie de “super-muçulmano”, sugere.

De resto, os três concordam num ponto fundamental: apesar dos atos hediondos que cometem, os terroristas não sofrem de qualquer perturbação mental que os empurre a perpetrar este tipo de ataques. “Nos últimos dias antes de um ataque ainda se comportam de forma mais normal para não suscitar suspeitas. Isso não é o que faria alguém que tem um problema mental. Eles são pessoas completamente normais“, argumenta Ángel Gómez. “[Os terroristas] não são psicopatas. Pode-se é dizer que o processo de conversão seja psicopático, os hipnotize e os endureça”, concorda Miguel Perlado.

Luis de la Corte ajuda a concluir este retrato psicológico dos jihadistas. “A radicalização é uma mudança psicológica que afecta todas as dimensões do comportamento e da vida. Eles mudam atitudes, valores, visão, projetos. Mas eles não estão mentalmente doentes “, remata o diretor de estudos estratégicos e de inteligência no Instituto de Ciências Forenses e Segurança em Madrid.

Quem são os suspeitos dos ataques terroristas da Catalunha

Pai de terrorista. “Imã tinha duas caras. Se o apanhasse cortava-lhe a cabeça”

Tal como defendem estes especialistas ao El País, estes jovens em processo de radicalização são ensinados a dissimularem os seus planos e convicções, iludindo em muitos casos a própria família. Pouco depois do atentado, Saïd, o pai de Driss e Moussa Oukabir, dois dos suspeitos dos ataques em Espanha, confessou-se “devastado” com o envolvimento dos filhos nos ataques, garantido que os jovens nunca “mostraram qualquer sinal de radicalização”

“Não mostraram qualquer sinal de radicalização. Viviam como os jovens da sua idade, vestiam-se como eles. Moussa era um rapaz gentil que não fazia mal a ninguém. Estava a fazer os seus estudos normalmente e devia terminar o ensino secundário no próximo ano. Nos último tempos, começou a rezar, mas foi só isso. Era jovem, ainda não tinha maturidade, deixou-se, sem dúvida, manipular”, afirmou, em declarações à AFP, ainda em na aldeia de Melouiya, em Marrocos,

Já em Espanha, o El País conseguiu falar com o pai de Younes Abouyaaqoub, que responsabiliza diretamente Abdelbaki es Satty, o Imã da Mesquita de Ripoli e tido como o cérebro dos atentados na Catalunha. “A culpa é da Polícia. Como é que não perceberam que era um homem perigoso?”, questiona.

Ao jornal La Vanguardia, El Ghazi Hychami, pai de Mohamed e Omar, que faziam igualmente parte deste grupo de terroristas, também garante que os seus filhos eram jovens inocentes e que terão sido radicalizados pelo Imã Abdelbaki es Satty. “O Imã tinha duas caras. Se o visse, apanhava-o e cortava-lhe a cabeça. Depois chamaria a polícia. Mas ele está morto, morto”, afirmou El Ghazi Hychami.

Abdelbaki es Satty esteve preso durante cinco anos, por tráfico de droga e terá sido por essa altura que conheceu um dos terroristas envolvidos nos atentados de 2004, em Madrid. A Bélgica já tinha comunicado à polícia espanhola ter algumas suspeitas relativamente ao imã de Ripoll. Em 2015, chegou a pender sobre o imã uma ordem de expulsão de Espanha, mas foi revogada porque o juiz considerou que o Imã não constituía “uma ameaça real “e demonstrou os seus “esforços de integração na comunidade espanhola”.

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