A menos de um mês das eleições que a deverão reconduzir como chanceler alemã, Angela Merkel garante que não se arrepende de ter optado por uma política de “fronteiras abertas”, o que permitiu a entrada súbita no país de centenas de milhares de refugiados. Merkel admite que pagou um preço político por essa decisão, mas sublinha que irá fazer uma campanha eleitoral normal, sem medo dos grupos que prometem manifestações ruidosas por causa da decisão sobre os refugiados.

O jornal Welt am Sonntag publica este domingo uma entrevista a Merkel, que a respeito da política com os refugiados diz que, se tivesse oportunidade de voltar atrás no tempo, “tomaria todas as mesmas decisões, de igual forma, que tomei em 2015”. “Foi uma situação extraordinária e tomei a minha decisão com base naquilo que eu achava que era a coisa correta a fazer, de um ponto de vista político e humanitário”, esclareceu Merkel, citada pela Reuters.

Situações extraordinárias como aquela acontecem apenas algumas vezes na História de um país. Um chefe de governo tem de agir e foi isso que eu fiz”

Segundo as últimas sondagens, Merkel deverá ganhar as eleições com cerca de 38%, quinze pontos percentuais acima dos sociais-democratas liderados por Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu. A acreditar nas sondagens, os 38% refletem uma subida face aos 32% que Merkel parecia ter em fevereiro mas fica bem abaixo dos 41,5% dos votos que a CDU obteve nas últimas eleições.

Merkel admite que pagou um preço político pela decisão de abrir as fronteiras aos refugiados, não só perdendo o apoio de algumas áreas do seu partido mas, também, no eleitorado no geral. Esse efeito poderá explicar que o partido de extrema-direita AfD esteja em condições de obter até 10% dos votos, nas próximas eleições.

À entrada na campanha eleitoral, a chanceler garante que não tem medo de ir “a certas zonas só porque vai estar lá um grupo de pessoas a gritar”. “Estamos numa democracia e cada um é livre de se expressar da forma que quiser”, afirma Merkel.

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