Dois aspirantes a primeiro-ministro, um a presidente, vários a deputados e ministros e muitos candidatos a diplomatas ou advogados compõem o perfil dos cerca de 80 alunos da 15.ª Universidade de Verão do PSD.

As informações constam de um inquérito preenchido pelos participantes da iniciativa e constitui um dos elementos da sua seleção, no qual além de projetarem o que gostariam de ser no futuro dizem qual o seu filme e livro preferidos e a qualidade que mais valorizam.

Advogado e diplomata são as profissões mais ambicionadas, a par de muitos candidatos a autarcas, ministros e deputados, mas também existe quem responda apenas que gostaria de ser “feliz”, “uma pessoa melhor” ou “pai de família”.

A Universidade de Verão do PSD nasceu em 2003, quando o partido era liderado por Durão Barroso, e a ideia inicial era funcionar como um palco de rentrée para o líder, mas acabou por evoluir para um projeto de formação de jovens quadros, modelo que vigora até hoje.

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Com uma estrutura permanente, que se reúne quatro ou cinco vezes por ano, são selecionados anualmente cerca de 100 jovens — este ano houve mais desistências do que o habitual por ser ano de eleições autárquicas e alguns dos escolhidos estarem envolvidos na campanha.

O diretor da Universidade, o eurodeputado Carlos Coelho, reconhece que muitos dos participantes são da JSD, mas salienta que a seleção é feita através de um processo aberto e por um júri constituído para o efeito.

Os alunos, que pagam uma propina de 130 euros (o Instituto Sá Carneiro cobre os restantes custos), têm de preparar ao longo da semana que dura a Universidade um trabalho de grupo, que será apresentado esta tarde (numa das partes do programa fechada à comunicação social), sobre a temática da abstenção eleitoral entre os jovens.

Divididos por grupos, com preocupação de diversidade etária, de género e de proveniência geográfica, os alunos têm ainda de realizar no sábado exercícios de simulação de um debate parlamentar sobre temas fraturantes que lhes são fornecidos pela direção da Universidade.

Como existe a preocupação de que todos os alunos façam o máximo de intervenções possível, as perguntas aos professores convidados e oradores dos jantares-conferência são distribuídas pelos vários elementos de cada grupo.

Além da participação oral, os alunos podem fazer perguntas por escrito a cinco personalidades, que este ano são o líder parlamentar do PSD Hugo Soares, o ex-líder do partido e antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, o investigador e ex-ministro António Barreto, bem como a desportista medalhada Inês Henriques e a apresentadora de televisão Catarina Furtado.

Com direito a jornal diário — onde são publicadas algumas das respostas das personalidades inquiridas – e canal de televisão interno, no final todos recebem um diploma, sendo que os dez melhores alunos têm uma menção especial no mesmo.

Nem todos ficam na política ou mantêm uma ligação ao PSD, mas três ex-alunos da Universidade de Verão são hoje membros da organização e deputados na Assembleia da República: Duarte Marques, Simão Ribeiro e Margarida Balseiro Lopes.

Também eles têm que preencher inquéritos onde revelam gostos pessoais, tal como todos os oradores convidados.

Pelas fichas que constam no dossier distribuído à comunicação social, sabe-se que o animal preferido do comissário Europeu Carlos Moedas é o panda, que o hobbie do ex-presidente Aníbal Cavaco Silva é a jardinagem, que arroz de frango é a comida preferida do eurodeputado Paulo Rangel e que O Leopardo é o filme sugerido aos alunos quer pela ex-ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz, quer pelo deputado socialista Sérgio Sousa Pinto.

A 15.ª Universidade de Verão do PSD prossegue até domingo em Castelo de Vide (Portalegre) e será encerrada pelo presidente do partido, Pedro Passos Coelho.