Ferenc Puskás era ponta-de-lança. Não necessariamente um “pinheiro” na área como à época os havia por toda a Europa — mas ponta-de-lança. E era canhoto também — uma bota esquerda que “disparava” como uma peça de artilharia. Quem o viu jogar (por exemplo contra o Benfica, em 1961/62, na extinta Taça dos Campeões Europeus; Puskás fez três golos na final que o Benfica venceria por 5-3) garante que, apesar de baixo em estatura, saltava tão alto como os mais altos. Puskás era um portento de força e de técnica. Um pouco como Ronaldo o é.

Em comum têm a camisola que mais vezes representaram e com qual fizeram (Ronaldo faz ainda) golos em barda: a blanca do Real Madrid. Em comum têm também o penteado à escovinha e a reluzir de gel. Mas em comum têm outra coisa mais: tornaram-se mitos. E Ronaldo está perto de alcançar o mito que Ferenc Puskás escreveu ao serviço da Seleção. Ou melhor, seleções: jogaria pela Hungria o Mundial de 1954 e pela Espanha o de 1962. Um aparte: A seleção húngara que perdeu o título mundial para a Alemanha podia ser um verso do também húngaro Attila József. Sándor Kocsis, Zoltán Czibor e Ferenc Puskás. Todos eles à época a representar o mítico Honvéd de Budapeste.

Mas voltando a Ronaldo e ao mito que cairá mais dia menos dia, mais jogo menos jogo, quem sabe dentro de três jogos – os que faltam até ao final da qualificação para o Mundial.

É que depois do hat-trick desta quinta-feira às Ilhas Faroé, Ronaldo chegou aos 78 golos (em 144 jogos) pela Seleção, tendo mesmo ultrapassado Pelé e ascendido ao 6.º lugar dos maiores goleadores de seleções no Mundo. À sua frente, apenas quatro futebolistas: Ali Daei (109 golos), Puskás (84), Kamamoto (80), Chitalu (79). Daei é quase incansável (mesmo falando de Ronaldo, um quebra-recordes como Ronaldo) lá na frente. Os restantes não.

Seguem-se a Hungria (a que outrora foi de Puskás, já este domingo em Budapeste), Andorra e Suíça a fechar. Caso não consiga chegar aos 84 golos, terá sempre o Mundial. E quem sabe o Europeu seguinte – a toda a qualificação para este. Põe-te “fino”, Ali Daei…

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