Na corrida para uma vida cada vez mais sustentável, o futuro passa por regressar ao passado. Se há algumas décadas o mundo estava sedento de descobertas, a verdade é que estamos cada vez mais conscientes do outro lado da modernidade: a poluição do ambiente, a contaminação dos alimentos com pesticidas e da composição dos cosméticos e produtos de limpeza com ingredientes tóxicos e nocivos. Nos últimos anos, viu-se crescer vertiginosamente a procura pelos alimentos biológicos, os cosméticos orgânicos e as medicinas alternativas, o que abriu a porta à procura pelos velhinhos óleos essenciais que ganharam uma nova vida no meio da ciência e da tecnologia.

Para a limpeza da casa, para cozinhar, para as maleitas e até para os animais de estimação, há um óleo para tudo. Se Beyoncé quisesse rescrever o hino feminista “who run the world?”, a resposta talvez já não fosse “girls” mas sim… óleos.

Melhorar o ambiente

Incorporar óleos essenciais no dia a dia não é um bicho de sete cabeças e pode ser uma mais valia para a saúde e o bem-estar. Sandi Manhão promove workshops sobre a utilização de óleos essenciais da marca americana Young Living em Portugal e em Macau há mais de dois anos e explicou ao Observador que não temos de ser aromaterapeutas para usar óleos:

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“Não é fácil sermos totalmente naturais nos dias de hoje porque não conseguimos controlar, por exemplo, a poluição, mas podemos melhorar o ambiente e o ar que respiramos dentro da nossa própria casa que é onde estão alguns dos maiores poluentes: os detergentes de limpeza, de roupa e amaciadores, os purificadores do ar e até as velas aromatizadas estão cheios de ingredientes tóxicos. Estamos inconscientemente a envenenar a nossa família todos os dias.”

O que é que podemos fazer? Coisas simples como aplicar umas gotas do óleo certo no difusor para melhorar a qualidade do ar ao invés de usar velas ou sprays com cheiros sintéticos. Ao fazermos os nossos próprios produtos de uso diário com óleos essenciais vamos eliminar grande parte das toxinas provenientes dos produtos que compramos no supermercado.

Mas, atenção, até neste mundo natural há opções de má qualidade. Só se conseguem ter os benefícios terapêuticos se usarmos óleos essenciais de boa qualidade e não adulterados por substâncias químicas (o que é bastante comum nos óleos comercializados). Devem ser de produção orgânica e 100% puros, tendo passado por testes rigorosos e controle de qualidade desde a produção até ao engarrafamento.

Os óleos na nossa pele

No ano passado, já tínhamos falado do óleo de coco e dos seus benefícios na cosmética. Mas a verdade é que é apenas um óleo dentro de um leque enorme de opções. O jornal americano Huffington Post revelou que a mulher comum coloca cerca de 515 químicos por dia no corpo. Como é que se chegou a este número? O champô tem em média 15 químicos, as sombras de olhos cerca de 26, um simples batom pode chegar a ter 33 químicos e um creme de corpo 35. Todas estas substâncias são absorvidas diariamente pelo corpo sem sequer pensarmos muito nisso, certo?

Patrick van den Berg, um dos fundadores da loja SkinLife (especializada em beleza pura, natural e respeitadora dos valores da natureza), em Lisboa, diz que a grande mais valia dos óleos relativamente aos cremes “normais” que as mulheres usam é que são produtos mais concentrados e sem água:

“Um creme normal é composto por cerca de 80% de água enquanto um óleo é muito mais puro e vai equilibrar a pele. Além disso, os óleos não precisam de tantos conservantes em comparação com um creme e só isso já é uma mais valia”.

Ao Observador, Patrick falou um pouco sobre os óleos que as mulheres podem usar na pele:

  • Óleo de Rosa Mosqueta: ótimo para usar à noite porque vai regenerar e equilibrar a pele;
  • Óleo de Argão: rico em ácidos graxos, vitaminas e aromas, ajuda a manter a pele e o cabelo saudáveis;
  • Óleo de Rosa: aumenta o brilho, revitaliza e acalma a pele;
  • Óleo de Marula Virgem: rico em antioxidantes, hidrata a pele e ajuda a restaurar um tom radiante.

Saber escolher os óleos certos

Sandi Manhão explica que cada óleo essencial possui propriedades químicas específicas. Uns ajudam a combater o stress e a ansiedade, outros são regeneradores ou protetores da pele, outros ainda descongestionam as vias respiratórias. As possibilidades são infinitas. E conta a sua própria experiência: “Sou instrutora de Pole Fitness e, durante muito tempo, tinha tonturas e náuseas bastante violentas que me obrigavam a tomar comprimidos. Nunca fui adepta do consumo de produtos farmacêuticos mas para os meus sintomas não conseguia encontrar outra alternativa. Quando os tomava, realmente sentia melhorias mas não lidava muito bem com os efeitos secundários: ficava durante algum tempo, por vezes dias, sem energia e sonolenta. Um dia, falaram-me no óleo essencial de hortelã-pimenta da Young Living e os resultados foram maravilhosos: para além de resolver o meu problema de tonturas, nunca senti nenhum dos efeitos secundários. A partir daí, iniciou-se o meu percurso, primeiro como utilizadora de óleos essenciais e, depois, com os workshops e a divulgação.”

Para saber escolher os óleos certos, há também que aproveitar o lado bom das redes sociais. No Facebook, por exemplo, existe um grupo chamado As 1001 utilizações com óleos essenciais onde pode trocar ideias e dúvidas com outras pessoas que utilizam os óleos da marca Young Living.

E as opções são inúmeras: há óleos para cheirar, para aplicar topicamente, para a pele, para a saúde, para a casa, para a alimentação, para criar produtos de limpeza, para a higiene oral, para purificar o ambiente e até para a limpeza e bem-estar dos animais domésticos.

Quais os óleos básicos para o dia a dia?

A Young Living tem um kit inicial básico composto por 11 óleos essenciais que, juntos, já dão para fazer inúmeras coisas em todas as áreas que falámos anteriormente – casa, saúde e corpo. Alguns são patenteados pela marca (e são misturas de vários óleos para diversos fins) mas outros são óleos puros e podem ser comprados em lojas portuguesas, tais como:

  • Incenso (Frankincense): considerado o rei dos óleos essenciais, é bom para as depressões e para meditar porque eleva o estado de espírito mas também é um excelente regenerador de pele com ação positiva na redução das manchas de pele;
  • Alfazema (Lavender): conhecido como o “canivete suíço dos óleos essenciais”, é versátil e útil, com múltiplas utilizações. É relaxante, proporciona noites mais serenas, purifica o ar e também é bom para a limpeza da pele porque aumenta a luminosidade;
  • Hortelã-Pimenta (Peppermint): melhora os problemas digestivos, as naúseas, a fadiga, entre outros, sendo também bom para a concentração.
  • Limão (Lemon): é um bom óleo para usar como difusor porque elimina os maus odores mas também é um bom desengordurante, facilita a remoção de superfícies pegajosas e, na pele, é bom nas manchas.
  • Copaiba: é outro óleo com múltiplas funções – regenerador da pele no caso de queimaduras e eczemas, diurético e antitússico. Proporciona um bem-estar geral em todos os sistemas do organismo.

Para fazer várias misturas de óleos tem de usar uma base neutra (como já tínhamos explicado neste artigo). A utilização é simples: misturar um pouco do óleo essencial em óleo vegetal (como o óleo de coco, de amêndoas doces ou de jojoba).

Onde comprar?

Pode comprar a marca Young Living na loja online ou outras marcas em lojas portuguesas como Celeiro, Plena Natura e lojas de produtos naturais ou ervanárias comuns. Antes de terminar, relembramos apenas algumas dicas de Tatiana Brito, especialista em aromaterapia e diretora do Instituto Português de Naturologia de Lisboa:

  • Os óleos essenciais devem ser 100% puros, de agricultura biológica.
  • O frasco deve ser de cor castanho escuro, azul escuro ou metalizado.
  • O óleo essencial deve mencionar o nome da planta em latim com género, espécie e subespécie (se existir).