As relações diplomáticas entre os Estados Unidos e o México há muito (sobretudo desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca) que não são as melhores. E, no último domingo, Trump divulgou uma mensagem na rede social Twitter, afirmando que os Estados Unidos necessitam de um muro fronteiriço porque o México é o país “com mais crime do mundo”.

“Sendo o México uma das nações com mais crime do mundo temos de ter O MURO. O México pagará por ele através de reembolso”, escreveu o presidente norte-americano. A resposta não tardaria. A secretária de Estado das Relações Exteriores mexicana, Patricia Espinosa, garantiu que o México não pagará “de forma nenhuma e em nenhuma circunstância” por um muro que seja construído na fronteira com os Estados Unidos. E acrescentou: esta determinação de não pagar é “um princípio de soberania e de dignidade nacional”.

Curiosamente, e nesse mesmo dia, o México resolveu ajudar (através do envio de barcos, veículos, mantimentos e comida) as vítimas do Furacão Harvey. Aliás, não é a primeira vez que o faz: durante o Furacão Katrina, que atingiu Nova Orleães em 2005 — e se tornou no maior desastre natural a abalar os Estados Unidos à data, provocando mais de mil e oitocentos mortos –, o México enviou duzentos militares para a zona afetada, bem como comida, água e medicamentos.

Esta quinta-feira, o secretário de Estado Rex Tillerson agradeceu o “generoso” apoio ao ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano. Luis Videgaray responderia desta forma a Tillerson: “Estamos aqui para ajudar. Somo vizinhos. Somos amigos — e é isto que fazem os amigos.”

Desde que chegou ao Texas como furacão de categoria 4 numa escala de 5 na passada sexta-feira, o furacão Harvey já provocou direta ou indiretamente 33 mortos. A Casa Branca está a preparar um pacote inicial de ajuda (311 mil residentes das áreas mais afetadas já pediram apoio) de 4,9 mil milhões de euros. A proposta deverá ser votada no Congresso na próxima semana.

Tudo serenado na diplomacia México-Estados Unidos? Nem por isso. Esta sexta-feira, a administração Trump escolheu quatro empresas para apresentarem os primeiros protótipos do muro que o presidente norte-americano pretende erguer na fronteira com o México. O custo dos protótipos (cada um deles com nove metros de comprimento e nove de altura) está avaliados num em perto de 1,7 milhões de euros. As empresas escolhidas — a Caddell Construction do Alabama, a Fisher Industries do Arizona, a Texas Sterling Construction e a WG Yates & Sons Construction do Mississipi — deverão receber ordens nas próximas semanas para começarem a construir os protótipos, que terão de estar concluídos no espaço de 30 dias.

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